Autor Data 11 de Abril de 1957 Secção Quem Foi? Competição Torneio “detective sem nome” III Problema Publicação Mundo de Aventuras [400] |
UM CASO NO ESTRANGEIRO Mr. Jartur Dedicado a Mister… Ioso Ainda que o dia há muito
tivesse nascido, os potentíssimos faróis do «Mercedes» iluminavam a fita
branca da estrada, que um espesso nevoeiro envolvia, dificultando a marcha do
veículo. O «Mercedes», hàbilmente conduzido por Marcos Dias, o já nosso conhecido
«detective», rolou ainda alguns minutos, até que o
jovem o deteve junto do edifício do hotel que nos fora recomendado. Aquela era a minha primeira
viagem ao estrangeiro na companhia de Marcos Dias, que durante a nossa curta
estadia em Londres teve a oportunidade do resolver um interessante caso,
conquanto nos encontrássemos ali em gozo cio férias. A «massa» de que dispunhamos não abundava, mas bem tenteada chegaria
perfeitamente para o que nos propunhamos gastar. E
nós somos os campeões da economia… Durante uma semana ali
estivemos hospedados, deixando o carro ao relento para que mais tarde não nos
fizesse falta o dinheiro das recolhas. Evidentemente que poderíamos utilizar
os serviços de um hotel mais modesto, mas todos nós temos o direito de
brincar aos milionários, conquanto que gastemos só aquilo que nos pertence. Foi precisamente no dia em
que nos dispunhamos a deixar o hotel – sem deixar
calote – que algo de agradável para nós sucedeu. E digo para nós, porque para
o industrial que alguém resolveu liquidar, não o foi certamente… O corpo, encontrado pelo
criado daquele sector, que era precisamente o nosso, estava deitado no leito,
coberto. Uma bala atravessara-lho o crânio e fora alojar-se na cabeceira do
móvel. O proprietário do hotel, ao
tomar conhecimento do caso, ordenou imediatamente que ninguém saísse do
edifício sob pretexto algum. Como é natural, também nos foi vedada a passagem
para o exterior, e até fomos incluídos no número dos suspeitos. O hoteleiro
apressou-se então a comunicar o sucedido às autoridades, temendo, no entanto,
um possível escândalo, que decerto abalaria o prestígio de sua casa. Foi
então que me decidi a falar com ela, dizendo-lhe que o meu amigo era um bom «detective», embora amador, e que podia facilmente
resolver o caso. O pobre homem aquiesceu, e pedindo a todos os hóspedes que
facilitassem o trabalho de Marcos, deu carta branca
ao jovem investigador. A princípio, Marcos não se
preocupou grandemente com interrogatórios, passando antes uma minuciosa
revista ao aposento e dependências contíguas. O quarto onde o delito fora
cometido estava ricamente mobilado e devia ser o melhor aposento do hotel.
Tudo estava em ordem. A arma homicida, um pequeno revólver provido de
silenciador, encontrava-se sobre uma pequena mesa, a meio do quarto, e não
tinha quaisquer impressões digitais. Havia dois quartos com
ligação para aquele, e eram ocupados por Silmon e
Robert, sobrinhos do morto. Ambos disseram ter estado até cerca da meia-noite
na companhia do tio, conversando amigàvelmente, após
o que cada qual se recolheu aos seus aposentos. Robert dormia no quarto
central, do qual uma das portas dava para o quarto do tio. Silmon, declarou que, cerca de
uma hora depois de se terem recolhido, fora acordado pelo primo que,
pretextando fortes dores do estômago, lhe pedira que fosse arranjar chá.
Sentindo-se mais aliviado, o primo dirigira-se para o seu quarto, tendo ele
retomado o sono interrompido. De manhã, Silmon
saíra logo após o pequeno almoço, para voltar cerca
das onze, altura em que teve conhecimento da ocorrência. Marcos Dias estudou
ponderadamente as declarações que lhe acabavam de ser prestadas, mas negou-se
a prender Silmon, como era desejo de seu primo,
alegando que não estava certo da sua culpabilidade. Pouco depois da refeição
das tarde, veio Robert ter connosco à sala de estar para nos dizer que ia
telefonar para a Scotland Yard, pois estava certo
de que fora seu primo o culpado. Marcos não lhe respondeu e limitou-se a
segui-lo com o olhar, até que ele entrou na cabina envidraçada e fez girar
cinco vezes o disco de marcação. A conversa havida foi breve, pois saiu quase
logo, dirigindo-se uma vez mais para junto de nós. Com um sorriso de triunfo
disse-nos que a Polícia não tardaria. Marcos olhou-o compadecidamente, e
disse-lhe: – Ainda bem, porque me
poupou a esse trabalho. Meu caro, considere-se
detido. O senhor á o culpado da morte de seu tio. PERGUNTA-SE: – Porque foi que Marcos
deteve Robert? |
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© DANIEL FALCÃO |
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