Autor

Mr. Jartur

 

Data

20 de Fevereiro de 1958

 

Secção

Quem Foi?

 

Publicação

Mundo de Aventuras [444]

 

 

“MARVEL” INVESTIGA…

Mr. Jartur

Dedicado a Marvel

Toda a «malta» no «CLUB DO ARANHIÇO» ansiava por conhecer o famoso «Marvel», com o qual mantínhamos assídua correspondência.

Convidado a visitar-nos, o grande «sherlock» nortenho não ofereceu resistência e logo marcou a data do acontecimento.

Quando o «Foguete» chegou, foram consumidos abraços às dezenas, e o carro de Marcos Dias quase se partiu pelo meio, ao atravessar a cidade, carregado como um camelo.

Toda a tarde foi passada no «GANG» – nome pomposo que demos à sala das grandes reuniões –e ali mesmo resolvemos iniciar uma das nossas brincadeiras, com a intenção sofismada de copiar a técnica dedutiva daquele nosso grande amigo.

Começámos por mudar de nomes. Eu, passei a chamar-me Jackson; Marcos Dias – o jovem detective já nosso conhecido – optou por chamar-se Peter; os outros companheiros, foram «baptizados» de: Cedric, John, Douglas, Joseph, Robert, Marlon, Thomas e Gilbert. Depois, escolhemos um para fazer de vítima e pedimos ao Marvel que fosse à sala do lado, fechasse a porta e voltasse três minutos após. Ah! Mas que não vigiasse pela fechadura…

Quando, ao escoar-se o último segundo do prazo determinado, a porta do «GANG» se abriu, Marvel notou, sorridente, que a vítima estava caída de costas, com o cabo do corta-papéis a sair pela abertura do casaco. Sobre este, uma pequena quantidade de pó vermelho simulava o sangue da ferida imaginária. Na mão direita, o «morto» – vivo – segurava um maço de tabaco «DU MAURIER», aberto, e do qual haviam caído três cigarros.

Ehl – soltou o visitante. –Porque mataram logo o mais forte da «malta»?

Então, puxei o Marvel para junto do «morto» – que sacudiu num esgar uma mosca que lhe ferrava no nariz – e expliquei-lhe o significado da cena.

A vítima fora ameaçada de morte, se não pagasse o jantar daquela noite e o champanhe. Porém, como não conseguira o dinheiro necessário, muniu-se de qualquer coisa que servisse para denunciar o inimigo, se este cumprisse a ameaça, e foi dizer-lhe que não pagaria a «jantarada». O outro – ou outros – que não tencionava passar sem comer, «tratou-lhe» da saúde. Ele, porém, fez algo para denunciar o culpado, pois, era bastante ágil e estava treinado nesse sentido, como aliás, estão todos os sócios do «ARANHIÇO».

Marvel escutou, pensativo. Quando eu terminei, curvou-se para o «cadáver», que lhe trincou uma orelha. Agarrou nos três cigarros, guardou no bolso a embalagem vazia e foi sentar-se num sofá. Acendeu um dos cigarros e começou a fumar plàcidamente, apoiando os pés no tampo da secretária.

Nós cochichávamos, sorrindo, mas o Marvel dir-se-ia preocupado apenas em conseguir desenhar com o fumo, os aros olímpicos. O primeiro cigarro consumiu-se… depois o segundo… e ainda o terceiro foi parar ao cinzeiro deformado pelos trambolhões.

Seguidamente, Marvel levantou-se, fazendo sinal ao «morto» para que o imitasse. Sacudiu um pouco de cinza que lhe sujava a lapela, compôs a gravata e

…. acreditem que o tratante resolveu o caso que foi uma beleza.

 

PERGUNTA-SE:

– Quais são os pormenores acusadores?

– Por quem foi cometido o delito?

Faça um relatório a seu modo.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO