Autor Data 30 de Janeiro de 1994 Secção Policiário [135] Competição Torneio Rápidas Policiárias
1994 Prova nº 4 Publicação Público |
ENIGMA AO ENTARDECER O Falcão Poucos minutos tinham
passado desde o momento em que Jorge Direito saíra
do seu gabinete, até chegar defronte daquela magnífica moradia pertencente ao
eng. Eduardo Dias. A saída abrupta do detective devia-se a um telefonema feito pela mulher do
engenheiro. Esta encontrara o corpo do marido, sem vida, no escritório. Por outro lado, como tinha
prometido à sua mulher estar em casa às sete horas, tinha menos de uma hora
para resolver aquele caso. Aproximou-se da entrada e
tocou à campainha. A porta foi aberta pelo secretário particular do
engenheiro, tendo o detective vislumbrado de
imediato, por trás deste, a viúva chorosa. Tendo-se identificado, o detective foi acompanhado pelos dois até ao local do
crime. O escritório ficava fora da casa principal. Tratava-se de um pequeno
pavilhão, afastado cerca de três dezenas de metros. Chegados ao local,
entraram. A vítima encontrava-se sentada na cadeira, com a cabeça sobre a
secretária. O braço esquerdo pendia ao longo do corpo, enquanto o braço
direito se quedara sobre a secretária. De imediato, um pormenor chamou a
atenção do detective. Na mão direita, entre os dedos
crispados, encontrava-se um pedaço de papel amarfanhado. Na cabeça havia uma
miscelânea de sangue e cabelos, em consonância com os vestígios semelhantes
que se podiam ver na estatueta que se encontrava sobre a secretária. – Alguém mexeu em alguma
coisa? – perguntou o detective,
enquanto tentava tirar o papel da mão da vítima, com alguma dificuldade, sem
o rasgar. – Não – respondeu a senhora.
– Depois de ter encontrado o corpo, telefonei à polícia e fiquei à espera lá
em casa. – E o senhor? Não veio cá
espreitar depois de a senhora ter encontrado o corpo? – perguntou
Jorge Direito ao secretário. – Não, senhor. Tinha
chegado a casa segundos antes do sr. detective. Quando tocaram à campainha,
estava a senhora a contar-me o que sucedera. Enquanto escutava, o detective aproveitou para ler o papel encontrado na mão
do morto. Tratava-se de um cartão de visita de um
tal eng. Nuno Silva. – Quando viu pela última
vez com vida o seu patrão? – Foi poucos minutos antes
das duas horas da tarde. Dirigi-me aqui, ao escritório, para lhe trazer a
correspondência do dia. Não o voltei a ver, pois tinha pedido uma dispensa
para esta tarde. O sr. engenheiro
não colocou qualquer obstáculo a esse pedido, pois precisava de se dedicar
exclusivamente, e sem ser interrompido, a um novo projecto
– respondeu o secretário. – Muito bem! O nome Nuno
Silva é-lhe familiar? – perguntou ainda o detective. – O eng.
Nuno Silva? É familiar, sim. Nos últimos dias, tinha contactos frequentes com
o sr. engenheiro, devido
ao tal projecto. Mas havia um grande desacordo
entre eles. – E a senhora? Quando viu
pela última vez o seu marido com vida? – Como o Eduardo não tinha
aparecido em casa, desde que saíra depois do almoço, dirigi-me ao escritório
para lhe perguntar se lhe apetecia comer qualquer coisa, pois já eram quase
cinco e um quarto. Disse-me que não lhe apetecia nada e que estava à espera
do eng. Nuno Silva. Vim então para casa. Ao entrar
reparei que o eng. Nuno Silva acabara de chegar e
dirigia-se para o escritório do meu marido. Por volta das seis horas, quando
voltei ao escritório para saber se tudo estava a correr bem, encontrei o meu
marido neste estado – respondeu a mulher da vítima, recomeçando a soluçar. Jorge Direito verificou que
no escritório tudo se encontrava no seu lugar. A janela aberta, situada por
trás da secretária, chamou-lhe a atenção, pois o tempo estava ligeiramente
fresco. Satisfeito com o que tinha
visto e escutado, o detective Jorge Direito
afastou-se do local do crime, deixando espaço para os seus colegas continuarem
o trabalho. Nesse instante, reparou num
automóvel, que aparecera a uma velocidade para além da permitida e que
estacionava. De lá saiu um indivíduo, com um aspecto
assustado, rosto muito vermelho, transpirando por todos os lados, que se
dirigiu ao grupo em que se encontrava o detective. – É o eng.
Nuno Silva – exclama a dona da casa. O detective,
olhando para o relógio, verificou que não ia conseguir chegar a tempo ao seu importante
encontro. E pronto! Sem terem
conhecimento das declarações do eng. Nuno Silva, o
que acham? O eng. Eduardo Dias foi assassinado… A – Pelo secretário
particular. B – Pela mulher. C – Pelo eng. Nuno Dias. D – Por qualquer outra
pessoa. |
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© DANIEL FALCÃO |
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