Autor Data Junho de 1983 Secção Clube Xis [11] Competição Iº Campeonatos Regionais de
Decifradores de Problemas Policiários e IIº Campeonatos Distritais de
Decifradores de Problemas Policiários 1ª Jornada Publicação Clube Xis |
UM AZAR NUNCA VEM SÓ!... O Gráfico A notícia
espalhou-se com rapidez… Pudera, a
infelicidade bateu à porta daquela estranha(!) família.
Oito dias atrás, os pais de Pedro Assunção pereceram num desastre de viação
juntamente com os tios! Agora esta, ao chegar a casa, encontrou o irmão morto!! Pedro de Assunção ficou só… Pois, Joaquim de
Assunção, o falecido, era o único membro que existia da sua família, após a
morte drástica dos país e tios. É certo que o Pedro
ficou com boas condições financeiras devido à elevada herança deixada pelos
pais… Mas para que serve o dinheiro se ale ficou sem o carinho da família?!
Tem 23 anos, acabou de cumprir o serviço militar obrigatório, e procura o
primeiro emprego porque não quer viver à custa da herança. Ele é forte e
alto, bem entroncado, ao contrário do seu irmão que era (coitado!) um
rapazito baixo, magro, com 17 anos de idade. Todavia, a
morte do jovem Joaquim de Assunção parece estar envolvida nua mistério! Um
jovem com dezassete anos, no despertar da vida, não pode expirar assim sem
mais nem menos, de um momento para o outro!… Encarregue ao
caso está o Inspector Rodriguinho, da Polícia Judiciária,
o inspector mais eficaz da P. J.! Desde a
participação de Pedro à polícia, sobre a morte do irmão, o Insp. Rodriguinho tem-se dedicado afincadamente ao caso
para arranjar uma solução correcta e justificada
para a morte do rapaz. O corpo
imutável de Joaquim Assunção foi encontrado pelo irmão (conforme declaração
deste), na vivenda de ambos, sentado numa poltrona com a cabeça caída para o
lado esquerdo e os braços pendidos para cada um dos lados do sofá. O corpo
foi descoberto às 14 horas e o Pedro não o mudou de posição, apenas
tocando-lhe para verificar se estava morto ou não, conforme declarou à polícia!! O Inspector Rodriguinho, acompanhado de um médico e do seu
ajudante Lumafero, chegou
ao local do crime (supunha-se…) às 14 horas e 20 minutos certas. A primeira
precaução que o inspector tomou, em relação ao
corpo, foi verificar se realmente o mesmo permanecia sem vida. Para isso
encostou o seu ouvido direito por baixo do mamilo esquerdo da vítima e
auscultou-lhe o coração durante três minutos. Concluiu a paragem da
circulação de sangue. De seguida tirou um pequeno espelho do bolso esquerdo
do seu casaco e depois de o limpar convenientemente colocou-o à frente da
boca da vítima. O vidro não se embaciou e o óbito consumou-se. Examinando as
causas que o corpo apresentava, logo o insp. concluiu que um homicídio se perpetrara! Foi chamada de
imediato uma força policial que isolou a vivenda, local do crime, e
procedeu-se à recolha de suspeitos que pudessem eventualmente estar
relacionados com o crime. Depois de Lumafero se ter
encarregado das fotografias habituais e do “croquis” do local do crime, o insp. Rodriguinho, na presença do médico, começou a
examinar o corpo: Estava frio,
completamente arrefecido. O cabelo negro
encontrava-se limpo e ligeiramente despenteado. A vítima tinha
a cara congestionada e apresentava uma cor violácea. Notavam-se marcas
sanguíneas nos lábios, faces, olhos e pescoço. Sobretudo, em volta deste,
viam-se perfeitamente uns pequenos sulcos, um pouco acima da laringe mas não
tendo quaisquer vestígios de nó deixado por qualquer laço. O vestuário da
vítima era normal e não se
apresentava rasgado. Calças de ganga,
camisa de algodão e sapatos de cabedal. Antes de virar o corpo o inspector desabotoou-lhe a camisa e verificou que na parte
superior do cadáver distinguiam-se umas manchas arroxeadas. A vítima foi
então retirada da poltrona e nada mais se descortinou no corpo. O insp. já sabia como a morte
ocorrera, restava-lhe descobrir o assassine. Ouviu os suspeitos, um por um: FRANCISCO
MATOS (Amigo íntimo da vítima): – Tenho 15 anos e ainda hoje, de manhãzinha,
aqui estive na casa do Joaquim a combinarmos o que iríamos fazer logo a
tarde. Quando o visitei eram, mais ou menos, nove horas. Quando saí deixei-o
ficar na companhia do Pedro. JOÃO ANTÓNIO
(Vizinho, solteirão, com 45 anos, homem alto e corpulento): – Passavam poucos
minutos das 9 horas quando cheguei das compras que fui fazer à praça e, como
sempre, dirigi-me a casa dos Assunção para entregar-lhes o leite, como aliás
o faço desde há muitos anos! E, agora, como os pais deles faleceram, naquele
triste desastre, mais me sentia na obrigação de ajudá-los. Entreguei o leite,
demorando-me pouco tempo, ao Pedro e fui-me embora. Cruzei-me no entanto, com
o senhor António Amadeu que se dirigia para o local donde normalmente eu
tinha saído. ANTÓNIO AMADEU
(Um outro vizinho, pai dum outro amigo de Joaquim): – Quando cheguei à casa
dos Assunção, o irmão mais velho ía a sair logo
atrás do senhor João António. Convidei o Joaquim para um lanche na minha
casa, em nome do meu filho que faz hoje 16 anos, mas obtive uma resposta
negativa porque ele já tinha combinado qualquer coisa com o amigo Matos.
Deixei-o só e parti. Após estas
declarações e obtendo a confirmação do Pedro de Assunção que efectivamente saíra pouco depois das nove horas
regressando ao meio-dia – altura em que estivera pela última vez com o irmão
– abalando de novo e no regresso descobrir, então, o que acontecera no mano,
o Inspector Rodriguinho possui todos os dados
convenientes e necessários para o encerramento do caso. PERGUNTA-SE: 1) – Qual foi
o processo que o assassino utilizou para vitimar o Joaquim? 2) – Quem foi
o homicida? 3) –
Justifique pormenorizadamente o raciocínio que o levou a chegar a essa
conclusão. |
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© DANIEL FALCÃO |
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