Autor Data 21 de Maio de 1981 Secção Mistério... Policiário [312] Competição Torneio
“Dos Reis ao S. Pedro” Problema nº 9 Publicação Mundo de Aventuras [397] |
ASSASSÍNIO PELO TELEFONE… Pais Pinto –
Sr. Inspector, ainda bem que chegar. Faça favor de entrar. O
Inspector entrou, e ambos se dirigiram para a sala de estar, onde com um ar
muito abatido se encontrava o sr. Matos. –
Sr. Inspector – disse a mulher do sr, Matos – desde há uma semana que o meu marido
tem recebido ameaças de morte pelo telefone, dizendo que ele irá morrer hoje
às 20 horas. A princípio pensámos tratar-se de uma brincadeira de mau gosto,
mas a verdade é que pensamos agora de modo diferente, pelo que resolvemos
chamá-lo para prevenir qualquer possível acontecimento desagradável. –
Pois sim – disse o inspector. – Diga-me uma coisa minha senhora, a voz que
tem ouvido ao telefone, é masculina ou feminina? –
É masculina, sr. Inspector. –
Claro que não a reconheceu, não é verdade? –
Bem, se já a ouvi alguma vez, não me recordo, até porque me parece que a
pessoa procurava disfarçá-la com certo esforço. Neste
momento faltavam cinco minutos para as vinte horas. Em casa do sr. Matos só
se encontrava ele, a mulher e o Inspector. Não havia mais ninguém porque o
criado tinha sido despedido precisamente há 15 dias, depois de uma violenta
discussão, chegando o sr. Matos a travar-lhe a agressão, empunhando urna
pistola, conforme contou. –
E não teve mais problema nenhum, além desse? – perguntou o inspector. –
Bem, há, também, precisamente dois meses, despedimos o casal de criados que
tivemos antes deste último que lhe acabei de falar – disse a mulher do sr.
Matos. –
E porquê? –
Bem, o sr. Inspector, deve compreender… A mulher desse meu criado era muito
bonita, e o meu marido parece que… Não sei se me está a compreender? –
Perfeitamente, minha senhora; mas houve de facto alguma coisa? –
O meu marido jurou-me que não, mas o marido dela não pensou do mesmo modo, e
disse que havia de vingar-se, nem que fosse no Inferno! Entretanto,
os ponteiros do relógio da sala onde os três se encontravam, aproximavam-se
já das vinte horas… Muito lívido, quase sem uma gota de sangue, o sr. Matos
fixava como que hipnotizado, aquele aproximar da hora fatal. Sentia-se muito
nervoso e abatido e isso chamou-lhe e atenção para o habitual comprimido
diário para os nervos, que o médico lhe recomendara para tomar meia hora após
o jantar. Mecanicamente pegou numa atraente embalagem moderna – de 50
comprimidos, mas agora pela metade – que se encontrava, como sempre, dentro
de uma terrina que estava em cima da mesa, daquelas embalagens que só deixam
sair um comprimido de cada vez, retirou um e tomou-o, bebendo um pouco de
água seguidamente. O
Inspector que estivera a observar toda a sequência daquele quadro patético,
desviou os olhos para o grande relógio da sala e verificou que já passavam
três minutos das vinte horas e nada tinha acontecido…. Nada?...
Nada uma gaita!!!... Quando
olhou de novo para o sr. Matos ficou perplexo, pois viu-o debater-se
convulsivamente e acto contínuo fitou imóvel, como que vitimado por uma
sincope… Desnorteado e surpreendido procurou fazer o ponto da situação, mas o
pensamento bloqueava-se-lhe, pelo que a única coisa que conseguiu fazer foi
transportar o sr. Matos ao hospital onde infelizmente se limitaram a
verificar o óbito… Consternado e revoltado consigo próprio, o Inspector saiu
do hospital na firme decisão de prender o criminoso, o que veio a conseguir,
dois dias depois. 1
– Quem é que o Inspector prendeu? 2
– Como é que ele descobriu? Descreva o raciocínio que ele terá seguido. |
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© DANIEL FALCÃO |
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