Autor

Paul Foran

 

Data

23 de Agosto de 1979

 

Secção

Mistério... Policiário [231]

 

Competição

Torneio “Novos" e “Iniciados” 79

Problema nº 8

 

Publicação

Mundo de Aventuras [307]

 

 

CRIME NUMA NOITE DE INVERNO

Paul Foran

 

Eram 9.30 horas da noite. Um quadrado de luz sobressaía na completa escuridão daquela noite de Inverno. Chovia torrencialmente. A casa, uma vivenda de dois andares, estava mergulhada no completo silêncio até que, quando eram 10.25 horas…

Trriiimmm!!!...

– Está, daqui fala o inspector Martins Soares…

– Olhe, venha imediatamente, pois houve aqui um assassínio.

Depois de receber a morada o inspector partiu o mais rapidamente possível com os seus ajudantes para o local, onde segundo dizia a pessoa que telefonara tinha ocorrido um assassínio.

Pouco depois, quando chegou à vivenda, o inspector foi conduzido pelo mordomo da casa ao andar de cima, onde, de imediato o inspector começou a investigar.

A secretária estava a cerca de metro e meio da porta, do lado esquerdo da mesma. O corpo, estava caído de borco sobre a secretária, com o indicador da mão direita sobre o botão da campainha e com o anelar da mão esquerda a apresentar um grande vergão como se alguém tivesse tentado tirar daquele dedo alguma coisa à força… Na secretária estava uma mancha de sangue devido à facada que o morto tinha levado no peito.

Posteriormente o inspector recebeu o relatório o qual passo a descrever na íntegra:

a) Nome do morto – Mário Reis.

b) Idade – 44 anos.

c) Causa da morte – uma faca introduzida no peito.

d) Duração de vida, após o ataque – praticamente morte instantânea.

e) Outros sinais na sala – pegadas de lama no chão; de resto mais nada digno de assinalar.

f) Hora provável da morte – 21 horas e 45 minutos.

Resultado do interrogatório:

Perguntas:

1 – O que estava a fazer na altura do crime?

2 – Achou alguma coisa de anormal antes do crime?

3 – O que fez depois do crime ter sido cometido?

Respostas:

A – Catarina Pinto, criada das limpezas, de 22 anos.

1 – Eu estava a dormir às 10 horas mas depois acordei com os gritos da senhora e fui lá acima a correr quando o mordomo já lá estava.

2 – Não, não achei nada de anormal.

3 – Bem, depois fui levar a senhora ao quarto e fui buscar um calmante para ela tomar, visto que estava muito nervosa.

B – Júlio Neves, rapaz dos recados, de 19 anos.

1 – Pois eu na altura do crime estava a pé, porque não tinha sono e alarmei-me com os gritos da senhora. Corri de imediato lá acima e quando lá cheguei já lá estavam o mordomo e a Catarina.

2 – Antes disso não achei nada de anormal.

3 – Depois ajudei Catarina a acalmar a senhora até que o senhor inspector chegou.

C – Frederico Cunha, de 41 anos, mordomo.

1 – Eu estava a dormir e só acordei com os gritos da senhora a chamar por mim. De imediato corri para fora do meu quarto e vi a senhora; depois, quando percebi que a porta estava fechada por dentro, corri a pegar no impermeável mas quando vi que não chovia larguei-o e corri para a arrecadação donde tirei um escadote já velho que sempre ali esteve guardado, e dirigi-me com ele para debaixo da janela do escritório, onde o encostei à parede para subir. Depois de subir tive de arrombar a janela para entrar no escritório; acendi a luz e só depois vi que o patrão estava caído para cima da secretária e de imediato abri a porta.

2 – Não, não achei nada de anormal antes do crime.

3 – Depois disso fui chamar imediatamente o senhor inspector.

D – Manuela Mendes Reis, mulher do morto, de 38 anos.

1 – Eu na altura do crime estava acordada e achei estranho o meu marido não se ter vindo deitar, pois dissera-me que às 9.30 horas o faria. Até que me levantei e fui ao escritório do meu marido para saber o porquê e vi que a porta estava fechada; comecei a chamar pelo meu marido, que não respondeu, e de seguida comecei a gritar pelo mordomo.

2 – Antes do crime, não notei nada de anormal.

3 – Bem, depois levaram-me para o quarto pois eu estava muito nervosa.

Observações:

O inspector foi ao jardim ver o local por onde tinha subido o mordomo. Teve de ter cuidado para não escorregar nos vidros espalhados sobre a placa de cimento e quando se apoiou ao escadote molhado olhou para a janela… Subiu… Depois desceu e pensativo, entrou de novo na casa até que viu que o filho do morto já tinha chegado…

Declarações deste de nome José Reis, de 18 anos:

1 – Eu não fiz nada cá em casa na altura do crime, porque saí.

2 – Não, não achei nada de anormal.

3 – Como já lhe disse, fui sair eram quase 10 horas e só voltei agora. Mas, por nada deste mundo, era capaz de matar o meu pai.

Quando ia a sair da sala, José Reis despiu o casaco ao mesmo tempo que pelo chão se fazia ouvir um tilintar…

O inspector abaixou-se… procurou… e… Era um grosso anel de brilhantes que, todos o confirmaram, devia estar no dedo do morto…

 

Apenas nos resta perguntar:

1 – Quem acha que praticou o crime de morte?

2 – Explique, convenientemente, a sua opinião.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO