Autor Data 9 de Julho de 2017 Secção Policiário [1353] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2017 Prova nº 6 (Parte II) Publicação Público |
ASSALTO À LEILOEIRA Paulo A
próspera firma de leilões Cícero &
Rómulo fora assaltada. De um dos seus armazéns tinha sido furtado um valioso
relógio de pêndulo do século XIX, daqueles que batem as horas. Valioso não só
pelos anos que tinha, mas também pelo facto de o pêndulo ser feito de ouro. O
relógio encontrava-se guardado no armazém da leiloeira, em Almada, num
compartimento vigiado por câmaras, havendo ainda um vigilante de uma empresa
privada de segurança em permanência nas instalações. O
alarme foi dado pouco depois das seis horas da madrugada, na mudança de turno
do vigilante, naquela noite de julho que ficou registada como a mais quente
do ano. Quando
a polícia chegou ao local, Trajano, o vigilante que deu o alarme, narrou o
sucedido. –
Quando cheguei, vi imediatamente que algo não coincidia com as rotinas, pois
o Cláudio costumava estar sempre no gabinete à minha
espera para se poder ir embora. A porta estava fechada, mas não com a chave.
Rodei o manípulo e reparei que o computador estava desligado, assim como o
sistema de câmaras de vigilância. Sentei-me e liguei o computador e o sistema
para ver se via algo de estranho. Aparentemente nada havia de errado pelo que
fui fazer a ronda do costume, apesar de ser inabitual não encontrar o
Cláudio. Foi apenas quando entrei no armazém onde estava o relógio que me
apercebi do seu desaparecimento. Contactei a central que por sua vez chamou
as autoridades. A
polícia não detetou portas arrombadas nem o desaparecimento de outros
objetos. Apenas o valioso relógio desaparecera. Os ladrões pareciam ter um
objetivo muito preciso e atuaram de forma a conseguir o que pretendiam de
modo muito eficiente. Pairava também o mistério sobre o que teria sucedido ao
vigilante Cláudio. A
análise do computador mostrou que este fora desligado às 22 horas e 17
minutos. Fora ligado outra vez às 5 horas e 56 minutos. Muito tempo para
fazer desaparecer o produto do roubo. Cerca
das oito horas da manhã surgiu uma nova informação. Cláudio aparecera
amarrado na berma de uma estrada na Serra do Caldeirão. Numa rodovia pouco
frequentada, fora encontrado por um dos raros automobilistas que por lá
passava. Decorrera
pouco mais de uma hora desde que fora encontrado e já Cláudio prestava as
primeiras declarações na unidade da Polícia Judiciária de Faro, enviadas por mail para o
responsável pela investigação, o inspetor Tito Flávio, que se encontrava no
local do crime em Almada. –
Encontrava-me a iniciar uma das rondas, quando ao deslocar-me na área aberta
para os armazéns, fui abordado por dois indivíduos com a cara tapada por
meias e armados. Obrigaram-me a ir ao gabinete de segurança, onde um deles se
sentou ao computador e desligou o sistema de vigilância. Provavelmente com
medo que eu acionasse algum sistema alternativo de alarme, não me deixaram
fazer nada. Vi-os depois limpar todas as impressões digitais nos locais onde
tinham tocado. De seguida obrigaram-me a dar-lhes a chave do armazém,
vendaram-me os olhos e puseram-me no furgão que traziam, amarrado de mãos e
pés. Só os voltei a ver quando colocaram o relógio ao meu lado e me tiraram a
venda dos olhos. Confesso que senti medo, deitado no chão encostado a uma
caixa que me fazia lembrar uma urna. Parece humor negro mas estava sempre a
imaginar alguém a pegar em mim e a deslocar-me para dentro do relógio
deitado. O
furgão era fechado e não me apercebia de nada do exterior. Valeu-me o bater
das horas do relógio, que me foi dando consciência do passar do tempo. Depois
deixaram-me abandonado na serra, deitado de bruços no chão, para não poder
ver a matrícula. Também ainda estava escuro e eles desligaram as luzes da
carrinha, pelo que acho que não conseguiria ver nada. Pensei que iria morrer
naquele lugar, mas felizmente fui encontrado. No
local do crime a pesquisa de vestígios continuava. O chão asfaltado não
registava marcas de rodados. O puxador da porta do gabinete de segurança, o
computador, o rato, a cadeira e outros possíveis locais onde pudessem os
ladrões ter tocado, estavam completamente limpos, não apresentando nenhuma
impressão digital. Na porta do armazém também não havia impressões. O
inspetor Tito Flávio deu ainda algumas voltas no espaço da leiloeira,
procurando vestígios que pudessem ter sido deixados, o que não sucedeu. Com
base nas informações que existem, Tito Flávio… A
– … tem motivos para pedir a detenção de Trajano. B
– … tem motivos para pedir a detenção de Cláudio. C
– … tem motivos para pedir as detenções de Cláudio e Trajano. D
– … não tem motivos para pedir a detenção de Cláudio nem a de Trajano. |
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© DANIEL FALCÃO |
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