Autor Data 11 de Março de 2012 Secção Policiário [1075] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2012 Prova nº 2 (Parte II) Publicação Público |
ROUBAR É FÁCIL! DIFÍCIL, É ESCAPAR DA POLÍCIA! Rip Kirby Meus
amigos! Permitam-me que me apresente. O
meu nome é Norberto de Albuquerque e sou Inspector
da PJ. Fui encarregado pela hierarquia da nossa corporação de substituir o inspector Eduardo Trindade que recentemente se aposentou. Hoje
entrei em acção pela primeira vez como chefe de
brigada. Dados os resultados obtidos posso afirmar que me saí muito bem mas
diga-se em abono da verdade que para o êxito da operação muito contribuiram os detectives que
trabalharam com o inspector Trindade e que agora
estão sob as minhas ordens. Nesta
conferência de imprensa posso fazer o relato de todos os acontecimentos que
deram origem à nossa operação de hoje, uma vez que o problema já está
resolvido nos seus mínimos detalhes. Havia
já algum tempo que, na região, em diversas empresas de tecnologia avançada
vinham acontecendo alguns assaltos que estavam a causar grandes prejuízos nas
empresas lesadas. Devo
acrescentar que o êxito desta operação de certa forma teve a sua origem num
acaso. Fomos
alertados por uma denúncia anónima de que certo sucateiro aqui da região
estava a negociar com traficantes de droga e que o seu armazém seria um
autêntico depósito de cocaína. A
operação de busca foi marcada, no maior segredo, para hoje. Para ser sincero
devo dizer que, tendo em conta o seu objectivo, a
operação foi um autêntico fiasco. Nem um pozinho de cocaína, para amostra,
foi encontrado. No entanto descobrimos outra coisa, descobrimos que o
sucateiro em causa estava a ser o receptador dos
produtos que há tempos vinham sendo roubados na região. Prendemos
o homem, que foi interrogado. À
nossa primeira pergunta disse-nos que tinha comprado aqueles materiais a três
irmãos que lhe garantiram que nada daquilo era roubado. Como eles não tinham
trazido a mercadoria, ficou combinado que ele iria a casa deles para a ver e
avaliá-la. Foi
combinado o dia em que lá devia ir. Foi num dia de Janeiro do ano passado,
lembrava-se muito bem, pois estivera para não ir devido ao frio que se fazia
sentir. Contudo, acabara por ir e passara uma tarde muito agradável em casa
dos rapazes. A lareira estava acesa e a temperatura era bastante amena,
lembrava-se que tinha olhado para um relógio que tinha incorporado um
termómetro e este marcava 20 graus. Depois
de se terem demorado algum tempo a conversar, os três irmãos mostraram-lhe o
que tinham para venda. Eram alguns lingotes dos mais variados metais, uns
preciosos mas outros não. Todos os lingotes tinham as mesmas dimensões,
200x70x50mm e havia ainda cinco caixas de ferro, com a espessura de 3mm,
cheias de mercúrio. As referidas caixas deveriam ter servido como
lingoteiras, pois as suas dimensões interiores condiziam exactamente
com as dos lingotes. Declarou
o referido comerciante que, depois de verificar toda a mercadoria, acedeu a
comprá-la e para isso propôs um determinado preço por quilo,
independentemente da qualidade de cada um dos metais. Os
três irmãos, António, Alberto e Anastácio, pensaram um pouco, discutiram
entre eles, discutiram depois com o sucateiro mas este manteve-se
irredutível. Ou eles aceitavam as condições dele ou não havia negócio.
Perante a intransigência do negociante os rapazes acabaram por ceder e
aceitaram a oferta que lhes fora feita. O António apresentou para venda três
lingotes de ouro, dez de chumbo e as cinco caixas com mercúrio. O Alberto
tinha dez lingotes de cobre, nove de ferro e nove de níquel. Finalmente o
Anastácio vendeu quatro lingotes de platina, quatro de irídio e quinze de
titânio. Depois
de terminado este relato fiquei com vontade de perguntar ao inspector Albuquerque qual dos três rapazes tinha
realizado mais dinheiro com o seu negócio mas tive receio de ser mal
interpretado e resolvi colocar essa pergunta aos meus amigos policiaristas. A
– O António? B
– O Alberto? C
– O Anastácio? D
– Todos o mesmo? |
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© DANIEL FALCÃO |
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