Autor

Roussado Pinto

 

Data

27 de Novembro de 1948

 

Secção

Detective

 

Publicação

O Século Ilustrado – nº 569

 

 

 

CRIME OU SUICÍDIO

Roussado Pinto

 

O inspector Lorrimer pegou no auscultador do telefone e discou um número. Logo que conseguiu a ligação, inquiriu:

- O jornalista Lee Still está? O próprio? Óptimo! Peço-lhe, meu amigo, que chegue num salto, à rua X… O que se passou? Conto-lhe em três palavras: Uma tal mrs. Helpless apareceu morta esta manhã. Opinião geral: suicídio.  

*     *     *

Pouco depois, os dois amigos encontravam-se num amplo quarto, guarnecido unicamente com duas cadeiras, um tambor, um móvel de «toilette» e uma cama de pessoa só. Sobre o leito, o cadáver de uma mulher, tapado até ao pescoço com um lençol.

O jornalista aproximou-se e verificou com horror que a morte devia ter sido instantânea, e ocasionada por um corte no sítio da garganta, que ia de uma à outra orelha. O lençol estava encharcado de sangue e no chão, à esquerda do polícia, que se encontrava de frente para a cama, via-se, também, grande quantidade de sangue. Junto, também, via-se uma faca, cuja lâmina ainda estava ensanguentada.

Observando melhor o ferimento, o jornalista exclamou:

Detective-48 015- O golpe foi dado da direita para a esquerda!

- Não me admira. – atalhou o inspector. – Tenho informações de que mrs. Helpless era canhota… Repare nesses sinais em volta da ferida, Still.

- Já os tinha visto, meu caro. São as marcas que o suicida faz antes de se atrever a cortar a existência. Podemos dizer que são os rasdtos da sua hesitação…

E, virando costas ao detective, o jornalista atravessou o quarto e penetrou numa pequena saleta de fumo. Uma ponta de cigarro sobre a carpeta chamou-lhe a atenção, mas nem sequer a apanhou. Abriu uma porta que ficava paralela àquela por onde entrara, e deparou-se-lhe outro quarto. Ai, no limiar, fez uma paragem brusca.

Deu, cara a cara, com um homem de olhar esbugalhado, faces escarlates e trémulo.

Mr. Helpless? – perguntou.

- Sim… sou… porquê? – respondeu o interpelado, fazendo esforços para dominar os nervos.

- Por nada, por nada… por enquanto. Se me dá licença? – e Still penetrou no aposento.

A única coisa que lhe chamou a atenção foi, em determinado ponto da carpete, o pêlo estar mais massacrado – facto revelador de que alguém ali andara de trás para diante e de diante para trás.

Os olhares dos dois homens voltaram a encontrar-se e Lee Still perguntou:

- Mr. Helpless prefere apresentar-se voluntariamente ao inspector, que nos espera lá fora, como assassino de sua mulher, ou quer que eu o leve? 

   

PERGUNTA:

Quais foram as provas que permitiram a Lee Still fazer a acusação?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO