Autor

Rui Gabriel

 

Data

3 de Agosto de 1978

 

Secção

Mistério... Policiário [177]

 

Competição

Torneio “4 Estações 78" | Mini C – Verão

Problema nº 3-B

 

Publicação

Mundo de Aventuras [253]

 

 

EXPERIÊNCIA FALSIFICADA

Rui Gabriel

 

Corria o rumor de que numa pequena vila, um jovem com os seus 22 anos havia inventado uma nova máquina que, segundo alguns aldeões, tinha o poder de destruir tudo aquilo que o seu raio de acção alcançava… Segundo outros, que mal conheciam o jovem inventor, essa máquina cujo funcionamento desconheciam, seria, se funcionasse correctamente, capaz de mudar o curso da História!... Quando o jovem anunciou a sua invenção, com o nome genérico de «raio desintegrador», aquilo que até há bem pouco tempo era considerado um rumor, transformou-se numa realidade com um «se»… Se funcionasse, se fosse verdade, se destruísse, na realidade, tudo o que o seu poder destruidor alcançasse… Para investigar a realidade ou a falsidade desta nova invenção, um determinado Instituto Técnico e Científico mandou um grupo de engenheiros técnicos investigar o aparelho e verificar o seu funcionamento. Certo era que o jovem disse tratar-se de um «raio desintegrador» capaz de desagregar e volatizar toda e qualquer matéria… Mas nenhuma pessoa consciente iria acreditar num tal aparelho… Por isso, o caso prometia e toda a investigação técnica foi feita no máximo silêncio possível.

Chegou o «dia final»! Pela primeira vez, a espantosa máquina destruidora iria actuar em frente de vários olhos humanos. A emoção e o nervosismo dos presentes era, por demais, evidente; só o jovem inventor mostrava uma calma espantosa. A experiência realizar-se-ia ao ar livre. Viam-se duas mesas de madeira, idênticas. Numa, encontrava-se o misterioso aparelho, metálico e reluzente, cujo tamanho ocupava toda a primeira mesa, e que apontava na direcção da segunda, na qual se encontravam, por cima dela, alguns objectos: 2 livros brochados, um tijolo de barro e uma boneca de trapos… O objectivo da experiência era fazer desintegrar aquilo para o qual apontava o misterioso tubo metálico saído da «máquina desintegradora»

– Atenção! – disse simplesmente o jovem – Vou ligar a máquina e ides ver aquilo que julgáveis impossível…

Baixou uma alavanca; ouviu-se um barulho seco; os objectos continuavam visíveis em cima da 2.a mesa, que se encontrava à distância de um metro da máquina destruidora… Houve uma exclamação de desilusão.

– Não há problema! Por vezes falha à primeira, mas, à segunda…

O jovem voltou a baixar a alavanca e, aquilo que os presentes já não esperavam, sucedeu! Acendeu-se um clarão, brusco e demorado, que os cegou durante 15 segundos… Mas, quando a alavanca voltou a baixar, ouviu-se um unânime grito de surpresa. Dos objectos colocados em cima da segunda mesa, nada restava a não ser a própria mesa!!! Os objectos, misteriosamente, tinham desaparecido! Subitamente, um engenheiro idoso levantou-se e proferiu as seguintes palavras, dirigindo-se ao jovem inventor:

– Não sei se o senhor, aproveitando-se da nossa cegueira momentânea, tirou os objectos de cima da mesa e os escondeu em qualquer lugar, ou se, na realidade, a sua máquina fez desaparecer os objectos! Mas, isto posso eu garantir: este não é o «tal raio desintegrador» de que o senhor nos falou!...

A surpresa reinou. Mas, na realidade, este engenheiro tinha razão: o jovem «inventor» tinha escondido os objectos no único sítio que lhe era possível esconder – dentro da sua «máquina desintegradora», que era oca!! Tinha tudo sido uma burla… E, agora, perguntamos nós:

 

Por que razão o engenheiro afirmou que «este não é o tal «raio desintegrador» de que o senhor falou!...»?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO