Autor Data Junho de 1978 Secção Enigma Policiário [27] Competição I
Grande Torneio de Divulgação 6º Problema Publicação Passatempo [49] |
Solução de: NUM CORREDOR COM 20 METROS ou BISBILHOTICES NA RESIDENCIAL DAS
AVENIDAS Sete de Espadas Era um problema
de dificuldades aparentes e não reais... Muitas vezes, para resolver um
problema policiário, há que conhecer os métodos usados, habitualmente, pelo
produtor… Saber, por exemplo, a razão do autor fazer certas narrações e
colocar certos objectos na cena… Quem se
recordasse da Óptica,
veria imediatamente que, enquanto a declaração do quarto 10 estava certa, a
do quarto 13 estava errada…. – pois o ângulo de
incidência não era igual ao ângulo de reflexão… Ele, o do quarto 13, com o
espelho naquela posição e inclinação, jamais veria as portas dos quartos ímpares!... Depois haveria
que considerar quando, e como, é que uma porta «está encostada», tem «uma
greta» ou está «entreaberta»…
Repare-se que a «abertura» vai
aumentando… mas ainda não está «aberta»,
porquanto, é considerada como tal quando um vulto humano a pode franquear… E não foi esse
o caso! A ocupante do
quarto 6 diz que «entreabriu»…
mais, diz que «vira pela sua porta»!
Não diz que «espreitou deitando a cabeça
de fora»!... Como o que aconteceu foi «o ver pela porta» – ela mente, pois, por esse acto
sé poderia ver as portas dos quartos 1 e 3, muito mal a do 5, apesar de estar
na sua frente!... e impossível ver o 7, o 9, o 11,
ou o 13! Se tiverem dúvidas
experimentem… E considerem a «porta
entreaberta», aí com uma ou duas mãos travessas,
o que lhes dará, com todas as boas vontades, uma «largura» ou «afastamento de
batentes» de uns 15 centímetros… Até vai parecer mais do que «entreaberta»…
mas mesmo assim, com «tal abertura»,
ela, a ocupante do quarto 6, não falará verdade! Aliás, se ela
falasse verdade, a do quarto 9 que tinha acabado de subir pela escada
principal (só poderia vir por ai visto o do quarto 10 não a ter encontrado lá
em baixo no rés do chão quando entrou nem a ter visto subir a escada de
caracol quando ela começou…) ou o hóspede do quarto 10 que subia pela escada
de serviço interno, tê-lo-iam encontrado… Não! Ela sabia
que ela tinha saído, sim!, mas há muito mais cinco
ou há mesmo mais de dez minutos… pois até deu tempo a que a D. Letícia
adormecesse… (E sabemos que isto é verdade pois ambos os interessados no-lo
afirmam!) Com aqueles
dados fundamentais… depois era deixar correr a fantasia… O vulto negro,
embuçado, de mascarilha, que «evaporou»
o colar… era a «steno». (E não me
venham com a história de, «o embuçado»,
ser ou no ser «masculino»…) …E como ela,
logo após o grito, não consegue fugir para o quarto do seu cúmplice-receptador (quarto 13), porque o do quarto 10 vem já no
topo da escada, arranca a mascara da cabeça e mete-a no jarrão dos chapéus de chuva… (Vocês não
perceberam logo que trazia água no bico
a minha localização ali de tal jarrão?...) …ficando de calças negras e echarpe branca (e por isso vos
dei essa ideia no final… Vocês nunca leram nada de Raffles
nem do Arséne Lupin?...),
como os «ratos de hotel»… A sua única
solução é entrar para o quarto 12 e aí, com mais ou menos precipitação,
esconder o colar, para
o que desse e viesse… É então que
entra em cena o seu cúmplice, em acção previamente
combinada… Sai do quarto 13 e entra no quarto 11… (Ele lá sabia porquê… Como
sabia que dali tinham saído o grito e… o colar!) Mas também
ele, quando declara «ter ouvido passos»… mente! Naquele corredor
alcatifado, como ouvir passos de mulher a mais de oito metros de distância e
confundindo-se com os ruídos festivos do quarto 1?...
Impossível! E, creio que o
essencial esta dito… |
© DANIEL FALCÃO |
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