Autor

Sete de Espadas

 

Data

14 de Janeiro de 2021

 

Secção

Policiário [54]

 

Publicação

Sábado [872]

 

 

Solução de:

LÚCIFER INTERVEIO NA HISTÓRIA

Sete de Espadas

 

a) O assassino foi Flamínio.

b) Lerroux não podia ser: tão nervoso e desajeitado nos gastos (tombara uma jarra ao narrar o seu caso passional) não podia ter praticado um crime que não deixou rasto.

c) Bernard também não: a ponta do charuto fora trincada, e o capitalista havia quatro dias que extraíra os dentes incisivos. Ilibado.

Logo, foi Flamínio. Como?... O “Mefistófoles” ao zangar-se com Bernard e, dois dias após, com o banqueiro, quis, de um tiro, matar dois coelhos. De índole cruel, inteligente e terrivelmente plácido, recorrendo às suas habilidades de faquir, fácil lhe foi furtar um dos famosos charutos do capitalista; depois, mercê de um plano lucidamente elaborado, assassinou rancorosamente o banqueiro, não deixando o mínimo vestígio – a não ser o “Dounia”, que, mais tarde ou mais cedo, após laboriosas pesquisas, havia de meter o Bernard numa prisão. Tudo parecia infalível.

Desgraçadamente, o “italiano” ignorava – a sua inteligência não podia adverti-lo disso… – o percalço dentário que quatro dias antes sucedera ao capitalista.

Lúcifer interviera na história…

Estas são as provas essenciais. Mas há pormenores secundários facilmente percetíveis. Por exemplo, Lerroux havia dois anos que não entrava em casa de Bernard; Flamínio apenas oito dias – por conseguinte, só este tinha possibilidade de furtar o famoso “Dounia”. Lerroux era o que mais odiava o banqueiro e perdia a serenidade ao vê-lo; e o seu rancor a Bernard, datando de dois anos, era labareda infernal!

Ora, um homem assim violento, que em tão longo espaço de tempo não buscou oportunidade para revindicta, é porque não tem feitio para assassino…

© DANIEL FALCÃO