Autor Data 9 de Junho de 2021 Secção Policiário [75] Publicação Sábado [893] |
Solução de: NUM CORREDOR COM 20 METROS Sete de Espadas Era um
problema de dificuldades aparentes e não reais… Muitas vezes, para resolver
um problema policiário, há que conhecer os métodos usados, habitualmente,
pelo produtor… saber, por exemplo, a razão de o autor fazer certas narrações
e colocar certos objetos na cena… Quem se
recordasse da Ótica, veria imediatamente que, enquanto a declaração do quarto
10 estava certa, a do quarto 13 estava errada… – pois o ângulo de incidência
não era igual ao ângulo de reflexão… Ele, o do quarto 13, com o espelho
naquela posição e inclinação, jamais veria as portas dos quartos ímpares!... Depois haveria
que considerar quando, e como, é que uma porta “está encostada”, tem “uma greta”
ou está “entreaberta”… Repare-se que a “abertura” vai aumentando… mas ainda
não está “aberta”, porquanto, é considerada como tal quando um vulto humano a
pode franquear… E não foi esse
o caso! A ocupante do
quarto 6 diz que “entreabriu”… mais, diz que “vira pela sua porta”! Não diz
que “espreitou deitando a cabeça de fora”!... Como o que aconteceu foi “o ver
pela porta” – ela mente, pois, por esse ato sé poderia ver as portas dos
quartos 1 e 3, muito mal a do 5, apesar de estar na sua frente!... e impossível
ver o 7, o 9, o 11, ou o 13! Se tiverem
dúvidas experimentem… E considerem a “porta entreaberta”, aí com uma ou duas
mãos travessas, o que lhes dará, com todas as boas vontades, uma “largura” ou
“afastamento de batentes” de uns 15 centímetros… Até vai parecer mais do que “entreaberta”…
mas mesmo assim, com “tal abertura”, ela, a ocupante do quarto 6, não falará
verdade! Aliás, se ela
falasse verdade, a do quarto 9 que tinha acabado de subir pela escada principal
(só poderia vir por aí visto o do quarto 10 não a ter encontrado lá em baixo
no rés do chão quando entrou nem a ter visto subir a escada de caracol quando
ela começou…) ou o hóspede do quarto 10 que subia pela escada de serviço
interno, tê-lo-iam encontrado… Não! Ela sabia
que ela tinha saído, sim!, mas há muito mais de cinco ou há mesmo mais de dez
minutos… pois até deu tempo a que a D. Letícia adormecesse… (E sabemos que
isto é verdade pois ambos os interessados no-lo afirmam!) Com aqueles
dados fundamentais… depois era deixar correr a fantasia… O vulto negro,
embuçado, de mascarilha, que “evaporou” o colar… era a “steno”. (E não me
venham com a história de, “o embuçado”, ser ou não ser “masculino”…) …E como ela,
logo após o grito, não consegue fugir para o quarto do seu cúmplice-recetador
(quarto 13), porque o do quarto 10 vem já no topo da escada, arranca a máscara
da cabeça e mete-a no jarrão dos chapéus de chuva… (Vocês não
perceberam logo que trazia água no bico a minha localização ali de tal
jarrão?...) …ficando de
calças negras e écharpe branca (e
por isso vos dei essa ideia no final… Vocês nunca leram nada de Raffles nem
do Arséne Lupin?...), como os “ratos de hotel”… A sua única solução é entrar
para o quarto 12 e aí, com mais ou menos precipitação, esconder o colar, para
o que desse e viesse… É então que
entra em cena o seu cúmplice, em ação previamente combinada… Sai do quarto 13
e entra no quarto 11… (Ele lá sabia porquê… Como sabia que dali tinham saído
o grito e… o colar!) Mas também
ele, quando declara “ter ouvido passos”… mente! Naquele
corredor alcatifado, como ouvir passos de mulher a mais de oito metros de
distância e confundindo-se com os ruídos festivos do quarto 1?... Impossível! E, creio que o essencial
está dito… |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|