Autor

Sete de Espadas

 

Data

2 de Setembro de 2021

 

Secção

Policiário [87]

 

Publicação

Sábado [905]

 

 

Solução de:

HÁ COISAS DE QUE NEM TODOS SE LEMBRAM…

Sete de Espadas

 

Era um problema simples, só com duas personagens… A dificuldade para o leitor estava, precisamente, em saber desenvencilhar-se da meada colocando nos seus lugares os termos “a vítima” e “o outro”… A vítima é o que morre… e o outro é o assassino!... O que morre é o empregado… Quem mata é o patrão, o escritor… Estava lá escrito! E mais estava escrito: “A vítima tem a meia da testa, muito lisa e algo rosada, somente o conhecido orifício provocado pela penetração de uma bala…”

Assim se dizia, e via, para quem o soubesse ver, que não havia queimaduras nos bordos da ferida nem vestígios de pólvora… Logo, tiro a maior distância do que o daria um suicida… e ainda, caindo de costas, ficar com a pistola junto à mão direita e até com o dedo indicador a aflorar o gatilho – como se pode ver!... – era demais!...

E à arma sendo do patrão, só tinha as impressões da vítima… Cena preparada pelo patrão, o criminoso, que limpou a arma e depois a colocou, com cuidado, na mão da vítima…

Outra: Numa biblioteca nunca se faz qualquer ruído… Ao mínimo som, todos levantam a cabeça… Mas ninguém ouviu nem viu o escritor e muito menos o secretário, pseudocausador da discussão com barulho… Não há dúvida que as mentiras são muitas!

© DANIEL FALCÃO