Autor Data 15 de Setembro de 2021 Secção Policiário [89] Publicação Sábado [907] |
Solução de: A EXTENSÃO 11 NÃO RESPONDE Sete de Espadas Não há dúvida
nenhuma, de que se trata dum suicídio e… de uma tentativa de assassinato. Vejamos: Crowl fez grossa patifaria em Inglaterra e fugiu para
a América. Dos detetives e jornalistas policiais que seguiam o caso com
paixão, só um foi bastante afortunado para, passados poucos meses, encontrar
o rasto do fugitivo. Nem só no comércio “o segredo é a alma do negócio”, nos
assuntos policiais, também o é. E foi a pensar nisso, que o jovem jornalista
do Herald,
sem dizer água vai, ruma ao nosso continente, e vai
entrar como contínuo ao serviço da Companhia de Traçados de Pontes e Vias
Férreas. Ele sabia que o seu anonimato seria compensado com a captura de John
Brader, agora encadernado em senhor Crowl. Depois de
muito tempo de espera e de enrolar todo o novelo de modo a ficar com uma só
das pontas na mão – que é como quem diz “ter todas as provas e mais uma”, de
que John Brader e mister Crowl são uma e a mesma pessoa –,
põe-se em contacto com a Scotland Yard, da qual
recebe ordem para o vigiar minuto a minuto e impedir a sua fuga. Tratada a
extradição o inspetor encarregado do caso não resiste à tentação de falar
primeiro ao telefone com o criminoso – mas antes avisou por “correio
confidencial” o jovem jornalista de maneira a que este fizesse o impossível
para que o pássaro não voltasse a levantar voo… E esse impossível foi
cumprido à letra. Logo que o “contínuo” recebeu o pedido de um copo de água
para o senhor Crowl tomar o comprimido, pela
proximidade da hora ele viu o momento chegado, e então com sorte e zás…
Dá-lhe o copo com o narcótico, para o outro tomar o comprimido. O resto era
uma questão de 10 minutos, mais ou menos… Mas que não
contou com os que preferem fazer justiça pelas próprias mãos… Crowl, depois de tomar o comprimido com metade da água
narcotizada, vendo-se perdido e agora tendo a acrescentar mais o desfalque de
perto de 15.000 dólares, saca da pistola e… Pum. Era
uma vez! Que diabo: Logo a pistola devia ter silenciador!... Mas… Sim, caros
colegas, ainda falta justificar muita coisa… – Então o
punhal? – É fácil: Garplow, enquanto ajudante de tesoureiro e de secretário
descobriu por acaso, a burla que estava sendo levada a efeito por Mr. Crowl. E em vez de o
desmascarar, resolve atuar também por conta própria. Cobarde, queima-se, e
quando foi afastado teve ainda mais medo de falar. Crowl,
conhecedor da psicologia das multidões, achou por bem transferi-lo de
serviço, ciente de que o outro não falaria. E assim foi,
para mal dos seus colegas… Garplow jurou vingar-se, e como todos os cobardes, à
traição. Primeiro pensou numa carta anónima, mas depois viu que também podia
ser queimado pelo fogo com que brincava, e por fim, depois de grandes
lucubrações, resolveu-se pelo frio assassínio. Eliminava-o e
ficava ao mesmo tempo senhor da praça. Treinou-se com
um punhal especial. – Folha forte, comprida e pesada, o cabo muito pequeno, leve
e oco, para que, atirando, ele se cravasse com violência, já devido à força
com que seria lançado, já devido também à força de gravidade – ele nunca
erraria! E naquela
tarde achou que a atmosfera tinha algo de extraordinário e viu da sua mesa de
trabalho o livro aberto em frente de Crowl… Passou-lhe
qualquer coisa pela vista… Pega no punhal, sobe ao terraço, vai à claraboia
do gabinete de Crowl, vê-o sentado à secretária,
prepara-se para atirar, desvia a vista por segundos, olhando o punhal e… Azar! Depois de o lançar, verifica que, entretanto, Crowl fizera justiça pelas suas próprias mãos. Quanto ao “contínuo”,
como a carta tinha sido um “correio confidencial” e o inspetor vinha a
caminho, achou por bem guardar segredo por mais umas horas, e depois
justificar a sua ação. |
© DANIEL FALCÃO |
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