Autor Data 21 de Agosto de 1975 Secção Publicação Mundo de Aventuras [99] |
O CASO DAS DROGAS NO «EXPRESSO»… Sir Lock O
inspector Nelson Bravo e os seus homens entraram no
«Expresso» chegado a Lisboa e dirigiram-se a um compartimento da 1.ª Classe para
proceder à prisão de um presumível traficante de drogas. No entanto, a
captura complicou-se pois havia dois passageiros e nenhum aparentava o ar de
culpado… O inspector Bravo ficou no limiar da poria
e observou os dois homens: um rapagão de vinte e poucos anos, porte atlético,
rosto curtido do sol e cabelo cortado quase rente que disse chamar-se Roberto
Dinis e um outro indivíduo atarracado, amareliço,
na casa dos cinquenta e que disse imediatamente que iria apresentar queixa
contra o companheiro de viagem por este ter tentado metê-lo em complicações. –
Viajaram juntos? – perguntou o inspector. –
Desde San Remo! – proferiu o mais velho, Firmino
Góis. –
Procuramos mercadoria de contrabando – explicou o inspector. –
É ele, inspector. Desconfiei que o tipo trazia
qualquer coisa quando tentou entabular conversa comigo. Percebi que ele
estava a fazer qualquer coisa ilegal quando, na véspera, ontem, portanto,
rapou as barbas qua usava, em San Remo. O tipo não me enganou, mesmo assim… E
a saber que andou a época balnear à minha roda! –
Quer dizer que o senhor Góis desconfiou do senhor Dinis? –
Exactamente! Ele andou sempre à
minha volta e até me convidou a beber um copo numa esplanada. Mas eu sempre desconfiei
de gente desta… Pode ter a certeza que ele tem a droga naquela mala. Neste
momento, Roberto Dinis explodiu. Era evidente que fizera um violento esforço
para se conter. –
Nunca vi este homem, inspector. Ele quer culpar-me
de qualquer coisa. Faça o favor de me revistar. Não sei o que ele quer mas é
evidente que está a tentar passar as culpas para mim. No
cacifo estavam duas maletas. Uma, em couro, tinha um cartãozinho pendurado e
ostentava o nome de Roberto Dinis e a outra, mais pequena, não tinha qualquer
etiqueta. –
É nessa, inspector! – elucidou
Góis. – Ele nunca se separou dela. –
Essa mala não é minha – protestou Roberto Dinis. O
inspector abriu-a e verificou que o cartãozinho
estava dentro da maia. Dizia: Roberto Diniz. Olhou para o rapagão e depois
para o outro. Procurou meticulosamente e, do forro, tirou uns saquitos de
plástico. Era droga pura. –
Então esta mala não é sua, Roberto Dinis? E sua, senhor Góis?...
Não?! Tem de ser de um dos dois, meus amigos! –
É dele, inspector –avisou
Roberto Diniz. – Macacos me mordam se percebo como o tipo pode ser tão
hipócrita. –
Vê como não se pode confiar neles, inspector? – protestou o outro. – Esta gente é de força. –
Um de vocês está a mentir com todos os dentes que tem na boca e vai pagar por
isso! – disse o inspector
com um brilho nos olhos. 1
– Quem é o contrabandista? 2
– Porquê? |
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© DANIEL FALCÃO |
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