Autor Data 22 de Janeiro de 1976 Secção Competição Policiário nº 11 Publicação Mundo de Aventuras [121] |
O CASO DA PISCINA VAZIA… Sir Lock O
inspector Nelson Bravo foi chamado ao palacete do
milionário Pedro d'Alpuim em virtude do infortunado
industrial ter sofrido um fatal acidente. A crer nas palavras dos dois
sobrinhos: Abel e Dorindo d'Alpuim, a vítima
saltara de uma prancha a dois metros de altura para a piscina vazia…
Acrescentaram que o tio tinha perdido a vista cinco anos antes mas que
continuara a praticar o seu desporto favorito. Por outro lado o jardineiro
jurou que tinha mudado a água da piscina no dia anterior como o vinha fazendo
desde que trabalhava na casa pois o sr. Pedro d'Alpuim não tolerava falta de método. Esvaziava a piscina
e enchia-a todas as terças, quintas-feiras e sábados, pelo que, o tampão se
soltara por qualquer razão e a água escoara-se ou então a piscina estaria
cheia naquele dia: sexta-feira. E
ali, encostado à cancela, dando urna vista de olhos para o carreiro ensaibrado
e ladeado por um alto renque de arbusto laboriosamente trabalhado e tratado
para guardar a piscina de olhares indiscretos, o inspector
escutava as vozes dos seus homens atarefados em volta do corpo de Pedro d'Alpuim e sentia-se ligeiramente comprometido por ter
procurado um local onde pudesse evitar a visão daquela cena de sangue e
horror. –
Portanto, ambos almoçaram com o vosso tio… O sr.
Abel saiu para a cidade às 8,30 horas e o senhor Dorindo subiu para o
escritório às 8,40 horas, enquanto o sr. Pedro d'Alpuim ficou na saleta. Às 9 horas o jardineiro abandonou
o palacete, pelo que só ficaram em casa o sr.
Dorindo e o sr. Pedro. Embora o escritório fique em
frente da piscina o sr. Dorindo não reparou se a
piscina ainda estava cheia pois esteve a trabalhar e só foi à janela quando o
sr. Abel d'Alpuim;,
ao abrir a cancela, deu um grito de aviso para o vosso tio. –
Eu ouvi o grito do Abel e percebi as palavras: «…piscina… vazia…» –
corroborou Dorindo d'Alpuim. –
Você viu o jardineiro encher a piscina, sr. Abel d'Alpuirn? – o inspector
coçou o queixo. – Disse-me que reparou no facto ontem à tarde! E o sr. Dorindo não viu! Resumindo: o sr.
Abel saiu às 8,30 horas e… Saí,
cheio de pressa. Tinha um encontro marcado e vim por este carreiro. Lamento
não ter passado pela piscina pois poderia ter evitado o acidente! –
O sr. Dorindo nunca assomou à janela sobranceira à
piscina? –
Só quando o Abel gritou. –
Ficou em casa e no escritório das 8,40 até às 11,30, hora do acidente! Não
viu o jardineiro encher a piscina e… O
inspector calou-se… Um pequeno e desanimado cortejo
apareceu vindo da curva do carreiro e levando o corpo de Pedro d'Alpuim. Tornou a olhar para a prancha que sobressaia por
cima do reque de arbustos e suspirou. Disse para os dois: –
Não foi acidente. Um de vocês preparou-o. Um de vocês tirou o tampão… – voltando-se
para um dos sobrinhos avisou: –Está preso por assassínio,
meu rapaz! 1
– Quem matou Pedro d'Alpuim? 2
– Em que se baseia para afirmá-lo? |
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© DANIEL FALCÃO |
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