Autor Data 3 de Julho de 1980 Secção Mistério... Policiário [275] Competição Torneio
“4 Estações 80” | Mini B – Primavera Problema nº 6 Publicação Mundo de Aventuras [352] |
UM CASO CURIOSO Smasher Smile I Rubens
caminhava rapidamente numa ruela da zona ribeirinha quando soaram os dois
tiros. Alargou o passo e dirigiu-se para o ponto de onde lhe parecia terem
partido os tiros, quase chocando na escuridão com outros curiosos que,
interessados, também afluiam ao local… Nesse
momento, os faróis de um carro que, silenciosamente se aproximava, iluminaram
a trágica cena: caído de costas, no passeio, uma parte da perna ainda dentro
do carro, estava um rapaz ainda jovem, que não dava sinais de vida. Sobre o
coração uma mancha de sangue alastrava… Nesse
momento saiu do lado oposto do carro outro jovem que, quase histericamente,
começou a gritar que lhe socorressem o amigo. Infelizmente
nada podiam fazer por um morto… II A
Polícia já tinha chegado e o corpo, transportado para a morgue, tinha sido
cuidadosamente examinado. O
velho «Wolkswagen» da vítima, com o motor em mau
estado e a instalação eléctrica ainda pior, estava
estacionado na pequena marginal de sentido único, no lado mais afastado do
rio. Só a porta do condutor e a janela do lado oposto estavam abertas. Tudo
estava como no momento do crime. Rubens
dirigiu-se ao seu ajudante, o sargento Garret: –
Então, e os resultados da inspecção minuciosa ao
local? –
Se lhe interessarem pontas de cigarro… – respondeu o sargento com um
resmungo. Apreensivo,
Rubens atravessou a rua e sentou-se no muro que bordejava o rio… III Rubens
sempre preferira ouvir as declarações sentado no seu gabinete com os
relatórios dos especialistas à sua frente. Este caso não ia constituir excepção. Rubens
olhou o jovem sentado à sua frente e fez sinal ao agente que tinha trazido os
relatórios para sair. –
Vamos lá ouvir o que tem a dizer. –
Bem – começou o jovem –, eu saí de casa depois do jantar e fui acompanhar um
amigo, que se ia embora, ao comboio. Depois fui ao café, onde, como
habitualmente, encontrei o Carlos. Demos umas voltas de carro, com umas
miúdas conhecidas dele, fomos pô-las a casa e fomos até ao rio dar uma volta…
O Carlos desceu do carro e disse que ia apanhar um pouco de ar pois estava
mal disposto. Eu não saí pois estava um frio de rachar. Quando ele regressava
e ia entrar no carro, levantou-se um tipo num carro estacionado à frente do
nosso, e disparou dois tiros de pistola no Carlos através de uma daquelas
aberturas que se fazem nos tejadilhos. Nem consegui ver a matrícula nem a
marca do automóvel pois o tipo arrancou com grande estardalhaço e com as
luzes apagadas. Coitado do Carlos, não teve chances…
A dez metros quem falhava os tiros?... IV Rubens
releu as partes essenciais do relatório: «…o tiro mortal perfurou o coração e
saiu aproximadamente a meio do sovaco esquerdo. O tiro não mortal penetrou no
tórax onde a bala ficou alojada». «…a bala extraída
é de uma pistola de 9 mm (possivelmente «Walter»). Não se verifica queimadura
na zona que rodeia o orifício da bala, nem estalar da pele, apenas uma
pequena tatuagem negra…». Jorge
Rubens olhou pensativamente o candeeiro de sala e disse de si para si: «– Bem engendrado,
sim senhor. Demonstra inteligência, não tão aguda corno a minha, claro… É um
caso curioso…» É realmente um caso curioso, mas ao
leitor pede-se mais do que uma apreciação. Será o leitor capaz de deslindar o
caso expondo cuidadosamente todos os pormenores. Por exemplo: 1
– Acha que as declarações do jovem são lógicas? 2
– Porquê? (Aqui exponha concreta e devidamente o seu raciocínio.) |
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© DANIEL FALCÃO |
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