Autor

Vasco Correia Veloso

 

Data

6 de Setembro de 1992

 

Secção

Policiário [63]

 

Publicação

Público

 

 

A MORTE DO HISTORIADOR

Vasco Correia Veloso

 

Eram 16h00, quando Mason entrou na mansão que pertencera ao dr. Matias, um proeminente historiador, morto durante a tarde. A ocorrência tinha sido comunicada pelo seu criado, que, ao regressar de umas voltas que tivera de dar, deparara com o patrão morto, no escritório situado no rés-do-chão.

Logo que entrou na sala, Mason viu o corpo caído de borco sobre a secretária, com ambos os braços a ladear a cabeça, que ostentava, na têmpora esquerda, uma ferida redonda, limpa, com um fio de sangue ainda fresco, que escorrera e empapara os papéis sobre a mesa. Sob a mão direita, estava uma pistola grande, de calibre 45, com o dedo da vítima no gatilho. O dr. Matias estava ainda sentado na cadeira, de costas para uma grande janela, aberta de par em par, com um orifício redondo marcado na portada ao lado esquerdo do corpo.

Ao inspeccionar a roupa da vítima, Mason descobriu, num bolso interior do casaco, um relógio de ouro, com tampa protectora do mostrador, muito trabalhada. Após abrir, verificou que o relógio estava parado nas 14h00, sem vidro e absolutamente limpo.

Mason guardou o relógio e chamou o criado para o interrogar:

“Em que período esteve fora?”

“Desde o meio-dia e até às três, três e meia, quando cheguei e…”

Mason interrompeu-o.

“Sim, está bem. Tinha conhecimento da existência de uma arma nesta casa?”

“Sim senhor. O sr. dr. guardava-a sempre numa gaveta da secretária. Tinha medo dos ladrões…”

“Pois… Mexeu nalguma coisa?”

“Não… A não ser o facto de o relógio do senhor doutor se ter partido quando se suicidou.”

“Quando se suicidou?”, perguntou Mason.

“Sim, sabe, ele andava um pouco abatido e, além disso, tem ainda a pistola que usou na mão…”

“A propósito, o dr. Marias era canhoto?”

“Não senhor.”

Mason, porém, sabia já o que se passara e, ao receber os relatórios da autópsia e do laboratório, disse para consigo:

“Tenho a prova que precisava…”

 

– Foi suicídio ou crime?

– Justifique a sua opção, não esquecendo de pormenorizar o mais que for possível.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO