Autor

Verbatim

 

Data

11 de Setembro de 2016

 

Secção

Policiário [1310]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2016

Prova nº 8 (Parte II)

 

Publicação

Público

 

 

NA ROTA DO VINHO

Verbatim

 

Era um grupo de cinco foliões que se reunia mensalmente para almoçar e comemorar qualquer coisa, não importa o quê. Sobretudo queriam conversar uns com os outros, alegre e descontraidamente. As mulheres, não raro, também participavam na festa.

Tudo bem até à primeira quinta-feira de Setembro de 2016 em que, no fim do repasto, desapareceu a boquilha de charutos de Simão Mata. Não estava em cima da mesa nem debaixo dela. Alguém a surripiara, admitiu-se.

Quem foi que deu sumiço à boquilha?… E nisto se gastou um bom bocado sem resultados práticos. Encontravam-se, então, num restaurante onde ainda não se tinham reunido.

Acontece que um conhecido dos cinco, João José Pinto, ou JJ para os amigos, cliente habitual daquela casa, a almoçar noutra mesa, que se metera entre o grupo no final de uma conversa sobre vinhos, ocorrida já muito depois de bebidos os cafés, se ofereceu para desvendar o mistério. Começou por inquirir o criado que servira os cinco convivas. Este desconfiava de uma pessoa, mas não se arriscava a identificá-la visualmente, lembrando-se apenas de que ela fizera uma estranha referência a propósito dos vinhos que preferia, no exacto momento em que sub-repticiamente deitava mão à boquilha.

– Não era o senhor que acabara de fumar o charuto, tenho a certeza! Era um que disse ter bebido um vinho de galego branco que via pela pata. E que era uma boa pinga, da sua zona preferida. Coisa esquisita, mas foi o que percebi, juro! Eu estava preocupado em arrumar a mesa, onde ele batia com as mãos para sublinhar o que dizia. Era uma brincadeira, penso eu. Creio que eles depois descobriram o que aquilo significava… – assim se explicou o empregado.

JJ achou por bem não tentar saber, logo à partida, quem teria posto a charada vínica, temendo que o ladrão da boquilha iniciasse um jogo de defesa que baralhasse tudo. Optou por colher opiniões mais genéricas. Assim, verificou que M. Cávado só bebia verde e que se recusava a engolir qualquer outro vinho, deliciando-se com os alvarinhos e, também, com os “albariños” do outro lado do rio Minho. Neste almoço até viera uma garrafa de verdinho branco só para ele. O mais velho do grupo, Câncio Simões, afirmou que não era esquisito, mas preferia os tintos do Douro no inverno e os brancos da Vidigueira no verão. António Serralves afirmou estar encantado com os brancos de Cima-Corgo. Simão Mata escolhia, em regra, tintos alentejanos, assim como Carlos Travassos que gostava também muito dos brancos do Dão, em especial dos que incluíam uvas da casta Encruzado. JJ já havia declarado a todos que andava agora a explorar muito bons vinhos da denominada região de Lisboa, brancos e tintos, sem esquecer, para depois do café, um Moscatel de Setúbal.

Quem seria a pessoa que o empregado julgou ver a surripiar a boquilha?

 

A – M. Cávado?

B – Câncio Simões?

C – António Serralves?

D – Carlos Travassos?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO