Autor Data 15 de Novembro de 1979 Secção Mistério... Policiário [243] Competição Torneio
“Detective Misterioso" Problema nº 10 Publicação Mundo de Aventuras [319] |
O CASO DO ANTIQUÁRIO Vítor Hugo Dedicado ao
amigo “Sete de Espadas” Foi
o primeiro dia de Primavera. Respirava-se um ar novo, vivificante; um cheiro
a seiva impregnava os campos e os jardins. Botões novos apareciam aqui e ali
salpicando a paisagem de tons vivos e alegres. Nos céus as avezinhas cruzavam
os ares em voos rápidos e caprichosos e nos beirais sinfonias de chilreios
descuidados embelezavam o ambiente de uma doce musicalidade. Era
a Primavera. O
movimento começara nas ruas, os cafés tinham aberto as suas portas e as lojas
punham os seus artigos em exposição. Mas
naquela travessa alguma coisa não estava bem… A loja do antiquário não estava
ainda aberta, ele que era dos primeiros a vir cavaquear e a gozar o Sol
matinal. Foi então que descobriram que a porta não estava fechada e que o
antiquário não veria mais a Primavera. Os
jornais da tarde traziam já o relato do delito… «BÁRBARO
ASSASSÍNIO DE UM VELHO ANTIQUÁRIO» «…Foi
encontrado hoje na sua loja o antiquário… assassinado com dois golpes de
punhal. O corpo foi encontrado por detrás do balcão, junto do cofre aberto.
Presume-se que o móbil do delito tenha sido o roubo. A Polícia pôs-se em
campo e espera solucionar, em breve, este caso. O inspector
Mário Neto, encarregado das investigações, procedeu já a alguns
interrogatórios e à detenção de alguns suspeitos e tudo leva a crer que a
solução do delito esteja para breve…» –
Antes assim fosse meu caro, antes assim fosse. Mas a verdade é que
continuamos como no primeiro momento, às escuras – o inspector
cruzava a largas passadas a salinha confortável do seu jovem amigo, o
advogado Jorge de Melo. –
Mas não tem nenhuma pista? – inquiriu este. –
Várias, mas umas não deram nada e outras não conseguimos solucionar. A arma
do delito, o punhal, estava pendurado na loja para venda; qualquer o via,
qualquer o podia tirar. –
Bem, pelo menos premeditado parece não ter sido. E que mais? – interrompeu o advogado. –
Não conseguimos – continuou o inspector – solucionar
umas marcas que a vítima apresentava no antebraço direito. Uma, é um corte, provocado sem dúvida pela lâmina do punhal,
um pouco acima do pulso; a outra, é uma esfoladela
acima da primeira. Você que gosta de charadas,
resolva esta, se puder. –
E o que disse o médico acerca dessa… dessa charada, como lhe chama –
retorquiu o advogado, sorrindo. –
Pouco ou nada. Garantiu-nos que foram simultâneas: a primeira, não é preciso
tirar um curso para se chegar à conclusão que foi provocada pelo punhal, a
segunda, disse muito espirituosamente que a resolvêssemos nós! Como se pode
trabalhar assim? Encontrámos ainda caído no chão um bilhete de comboio de
Sintra. Podia pertencer ao sobrinho que o visitara nessa tarde. Não gostei da
cara dele, mas anda com a mão direita ferida: uma pancada, há uns dias,
quando martelava um prego. O doutor Bento esteve a examinar a ferida em vias
de cicatrização e foi de parecer que qualquer esforço, neste caso se tivesse
vibrado os golpes com o punhal, rebentaria a crosta da ferida, deixando
vestígios, que infelizmente não apresentava. É o tipo de cínico da história,
mas tem um bom álibi… E para complicar ainda mais este caso, uma sobrinha,
que também mora em Sintra, visitou-o nesse dia: quer dizer, o bilhete também
lhe pode pertencer. Mas mesmo que assim fosse, é frágil de mais para poder
vibrar os golpes de punhal. Está um perito contabilista a conferir os livros
do velhote e parece-me que o assassino foi burlado, pois havia pouco dinheiro
no cofre. Mas que está você a rabiscar nesse papel? Francamente, então eu
estou a apresentar-lhe todos os pormenores deste caso e você entretem-se a fazer bonecos?... Jorge
de Melo olhou surpreendido para o inspector,
comprometido como um menino apanhado a fazer maldades, mas olhando uma vez
mais para o papel que tinha entre as mãos sorriu e… –
Está enganado, meu caro, estava até com muita atenção. Mas vamos tomar um café
e saborear o fresco ar da Primavera, enquanto os nossos «sherlocks»
solucionam este caso. –
Como? – inquiriu o inspector.
– Mas você já?... –
Sim, meu caro, e verá que o caso não é tão difícil como parecia… Venha daí… Convidamos os «sherlocks» a apresentar os seus relatórios sobre este
caso. A solução é lógica e científica. Todos os pormenores foram expostos! 1 – Quem foi o autor do
delito? 2 – Explique como chegou a
essa conclusão. |
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© DANIEL FALCÃO |
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