Autor

Xek-Brit

 

Data

20 de Dezembro de 1979

 

Secção

Mistério... Policiário [248]

 

Competição

Torneio “Detective Misterioso"

Problema nº 18

 

Publicação

Mundo de Aventuras [324]

 

 

RETALHO DUM CASO POLICIAL

Xek-Brit

 

– Silveira foi encontrado morto ontem à noite – o director da «Agência de Detectives Pentágono», a quem chamávamos o «Boss», falou sem olhar para mim. A sua voz estava tão suave como o seu sorriso, e não dava o menor indício do torvelinho que lhe fervilhava no cérebro.

Se eu me conservei calado, à espera que o «Boss» continuasse, não foi porque a notícia não tivesse importância para mim! Eu gostava muito do João Silveira – todos gostavam! Ele tinha vindo para a agência recém-saído do colégio, dois anos antes; e, se alguém tem um dia estofo de um excelente detective, esse foi aquele rapaz esbelto, de ombros largos. Dois anos não são muitos para aprender os princípios da arte detectivesca, mas o João, com o seu olhar rápido, sangue-frio, bom senso e total interesse pelo trabalho, já estava a bom caminho de ser um perito no ofício. Eu sentia por ele um interesse paternal, pois tinha-lhe dado a maioria dos ensinamentos iniciais.

Até me custava a crer…

O «Boss» não olhou para mim quando continuou. Estava a falar para a janela aberta junto ao cotovelo:

– O corpo foi encontrado num apartamento do 5.o andar juntamente com o corpo de uma mulher que ainda não foi identificada. Ele foi atingido por uma bala de pistola, no peito, que lhe furou o coração, enquanto outra bala igual foi fazer um buraco limpo e redondo na têmpora direita da mulher. Quase não havia sangue… Ambos tiveram morte instantânea. Foram encontrados por um guarda que fazia a ronda, que ao ouvir os dois tiros quase seguidos subira aos apartamentos com o porteiro do prédio. No apartamento alugado recentemente, com a porta encostada, foram encontrar o corpo do Silveira estendido de costas. Os seus pés estavam, na perpendicular, a cerca de um metro de uma janela fechada que dava para as traseiras do prédio. Em frente, a cerca de 2 metros via-se uma janela aberta, de um apartamento imerso na escuridão, do outro prédio. À direita do corpo do Silveira estava o corpo de uma mulher, estendido igualmente de barriga para cima, com os pés na direcção dos pés do Silveira e a cabeça junto à parede. Junto da mão direita de cada um dos corpos estava uma pistola que se verificou ter disparado um tiro cada uma… Segundo a «Balística», foram as armas que dispararam as balas encontradas nos corpos. Nada mais se encontrou no apartamento que pudesse ajudar. No apartamento, apenas nos móveis e interruptores se encontraram impressões digitais da mulher… Só havia impressões digitais do Silveira na campainha. E nada mais… Nem impressões digitais, nem nada. Segundo o porteiro, o Silveira tinha subido cerca de 10 minutos antes. Depois dele só tinha subido uma senhora que disse ir em serviço ao 5.o andar…

O lápis do «Boss» começou a tamborilar na escrivaninha e aquele bater delicado começava a irritar-me os nervos. Depois parou e continuou:

– Silveira andava atrás de uma poderosa quadrilha de falsificadores. Essa mulher por certo fazia parte dessa quadrilha. Tudo parece indicar que ambos dispararam simultaneamente. Parece impossível que o Silveira tivesse sido «levado» por uma simples mulher!

– Hum! – exclamei eu. – Você o disse…

A pergunta é só uma.

O que será que quis dizer o detective Mário Zamith agora ao fim?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO