Autor Data 12 de Junho de 1960 Secção Na Pista do Culpado [49] Competição Problema nº 5 Publicação Ordem Nova |
A LENDA DO BEIJO Zé Maria Dedicado
a Lemmy Caution Naquela casinha toda amor e carinho, alguém estava morto, alguém que em
vida fora uma pessoa alegre, despretensiosa, irrepreensível… Aquela bonita rapariga
loira, tão perfeita de corpo como de espírito, fora vítima de um vil crime. Em sua casa tivera cruel
desfecho a sua vida, em sua casa, casa que era todo o seu enlevo, emj sua casa, onde tanto gostava de estar, acabara para
sempre. A alegria do ambiente
contrastava, exuberantemente, com a tristesa de um
corpo jovem, frio e retesado… Aqui, o pequeno fogão de
dois bicos de gás, ironia do destino, num estava uma panela com sopa, noutra
uma perna de cabrito estufada, ali, um rádio com um pick
up, neste «A Lenda do Beijo», acolá uma mesa com
uma bonita toalha. Por esta amostra vê-se o
asseio de que a rapariga era dotada e quanto gostava de música… Participado, anònimamente o caso às autoridades, logo o Inspector Sérgio seguiu para o local, acompanhado de toda
a equipa de fotógrafos e diversos peritos. Pistas nenhumas. Em princípio foi ouvido um
vizinho da assassinada, que declarou vê-la sair todos os dias, decerto para o
emprego. Declarou, mais, ser ela casada, mas que não via. Já há dias, o
marido, o que, aliás, sucedia frequentemente, pois logo após o casamento
havia-se zangado com ele. Continuando, disse que
saíra na noite anterior, e quando voltara, passada já a meia-noite, vira sair
um indivíduo e uma rapariga do apartamento dela. Não satisfeito com as
declarações deste indivíduo, o Inspector Sérgio
conseguiu, junto do senhorio do prédio, saber algo mais sobre a rapariga.
Soube, então, que era dactilógrafa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e
pagava, pontualmente, os 400$00 do seu apartamento. Dirigindo-se ao referido
Ministério, esteve em contacto com algumas colegas e chefes da vítima, sendo
unânimes os elogios à sua camaradagem, bondade e aos seus dotes de trabalho. Por isto, quero-vos confessar
que era minha ideia fazer um grande “osso”, mas tal não sucedeu e para maior
simplicidade digo-vos, desde já, que o vizinho foi o criminoso. PERGUNTA-SE: – Sabem, agora, dizer ao Márvel quais as razões de tal conclusão? |
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© DANIEL FALCÃO |
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