Autor

- Viseu

 

Data

Março de 2004

 

Publicação (em Secção)

O Lidador… das Cinzentas [2]

 

 

O PROBLEMA DAS CONTRADIÇÕES

Zé - Viseu

 

Segunda-feira, 8 de Março deste ano, 10h30.

A campainha soou (finalmente!) e os alunos da Secundária Alves Martins, em Viseu, abandonaram as “câmaras de tortura” e dirigiram-se para os recreios. Acabara mais uma aula e, para aquela turma do 12º Ano, particularmente torturante (penso eu)!

A Rita desceu as escadas e respirou, aliviada, o ar puro daquela manhã brumosa, mas não particularmente fria. A seu lado, o colega Dias (um calmeirão, todo virado para as Matemáticas) tirava as medidas ao ambiente circundante (façam o favor de interpretar como quiserem).

E, naturalmente, o diálogo começou:

– Vê-se mesmo (disse a Rita) que o prof. Gustavo adora Fernando Pessoa! Acho, porém, que o Ricardo Reis é aquele que menos o toca.

– Também acho (responde o Dias). A mim, o paganismo fascina-me; o epicurismo, porém, não me agrada, por ser demasiado… redutor. Aliás, o heterónimo de Pessoa que mais me entusiasma é Antero de Quental. Pessimista, sim, mas idealista e politicamente utópico, como eu.

Sorridentes, como (quase) sempre, o Tó e o Raul juntaram-se ao duo. O Tó é um criativo aluno de Artes. O Raul, um jovem vocacionado para o Desporto e com a característica de ver, em cada árbitro dos jogos do seu Benfica, o inimigo público nº 1 (coisas do sistema, diz ele)!

– Olá, pessoal (saúda o Raul). Que grande dia, o de ontem: ganhou o Benfica e ganhou a Ferrari. Foi um dia vermelhão! Vocês viram como o Michael Schumacher arrancou, na Austrália, mal o semáforo verde acendeu, e nunca mais ninguém o viu? Até tinha tempo para tomar um cafezinho, a meio… Só deu mesmo vermelho!

– Também gostei (concordou o Tó. Aliás, no que respeita ao Benfica, se um diz: mata, o outro grita: – esfola!). Mas também a mim o dia correu super-bem. Obtive, finalmente, um bilhete para o concerto dos Guns N’ Roses, no Rock in Rio Lisboa. O vocalista, o Brian Mc Fadden, é espectacular! Estava a ver que só me restava ir, com os cotas, ver o do Paul Mc Cartney. Desse frete já eu me livrei!!!

Fatal como o destino, lá voltou a ouvir-se a campainha. Os jovens, resignados, regressaram ao suplício de mais 50 minutos de aula.

A Rita, porém, não ia muito sorridente.

Ao almoço, contou a conversa ao irmão, Artur:

– Tu já viste aquelas cabecinhas?

– Ó maninha, como notaste, estavam a querer dar-te tanga! Eles são uns moços impecáveis, mas toda a gente sabe que não resistem a uma boa brincadeira. E ainda lá faltava o mais “tolo” do grupo! Safaste-te de boa!!!

 

E pronto, amigos! A parte do autor, neste “filme”, acaba aqui. E aqui, também, começa a vossa – a dos solucionistas.

Porque é que os dois irmãos viram logo que os colegas da Rita estavam a brincar?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO