Data: 29 de Janeiro de 2007

 

 

Torneio Sete de Espadas

 

 

 

 

TORNEIO SETE DE ESPADAS

 

PROVA Nº 2

 

SOSSEGO PERTURBADO

Autor: Nove

 

A habitual pacatez da Rua dos Moinhos Velhos foi perturbada numa manhã do fim de Março, que se apresentou cinzenta e fria, em franco contraste com os soalheiros quatro dias anteriores. No interior da entrada do nº 15, um edifício de cinco pisos e nove moradores, apareceu morto o Sr. Tomé Nunes, comerciante de 47 anos de idade, residente no 3º direito desse prédio. A Polícia foi avisada às 8h57, por telefonema do Sr. Francisco Pereira, o vizinho do 3º esquerdo.

O Sr. Nunes, de acordo com as primeiras observações da polícia e do médico legista, fora atingido mortalmente na cabeça por um objecto contundente. Tratava-se de um homicídio, sem qualquer dúvida.

Quando o Inspector Botelho chegou foi informado da preciosa colaboração do Sr. Pereira, o qual repetiu o que já dissera aos agentes Paiva e Varela:

“Eram oito e meia, estava eu a terminar a minha corrida, quando verifiquei que me esquecera da chave da porta do prédio. Como vi luz no hall esfreguei o vidro embaciado para ver se estava alguém a descer. Para minha grande surpresa avistei um corpo caído. Esfreguei ainda mais e cheguei à conclusão de que era o Sr. Tomé Nunes. Fiquei uns segundos sem saber o que fazer. Depois pensei que o melhor era avisar a Polícia e evitar que alguém mexesse no corpo. Peguei no telemóvel e liguei-vos de imediato. A seguir abri a porta e fiquei aqui a tomar conta do meu infeliz vizinho. Desde que descobri o cadáver e até chegarem aqueles senhores guardas, só passaram pelo hall os vizinhos do 4º e 1º direitos. Mas não vi quem tenha saído directamente pela garagem. E é verdade… quando estava a chegar ali ao fundo da rua, ainda antes de ter verificado que não tinha as chaves da porta do prédio, vi sair o matulão do Serafim, um tipo muito simpático, que mora no 2º esquerdo”.

O Sr. Serafim, que foi localizado pouco depois, declarou ter dado pelo Chico Pereira a correr na direcção de casa, seriam umas 8h30, mas jurou não ter visto pessoa alguma no hall.

O Inspector Botelho sorriu. Tinha ainda de colher muitos dados e ouvir várias pessoas. No entanto, parecia-lhe que o agressor do desafortunado Sr. Tomé Nunes já se tinha dado a conhecer.

 Quem era ele e como é que se denunciou?

 

© DANIEL FALCÃO