Publicação: “O Almeirinense” Data: 1 de Agosto de 2006 Torneio Primavera
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TORNEIO PRIMAVERA PROBLEMA Nº 5 O RAPTO DO ALDINHO Autor: Zé da Vila Salvo o assassínio de
um polícia, nenhum crime, do roubo ao desfalque, suborno, corrupção,
falsificação, extorsão, sonegação, violência física, delitos sexuais
(incluindo a violação), excepto de menores, etc., causa tanta repulsa no seio
do Departamento como o rapto ou sequestro de menores. O rapto do Reinaldo
explodiu como uma bomba! Esqueceram-se os problemas próprios, investigações,
inquirições, exames laboratoriais em curso, processos amarelecidos, prestes à
prescrição, pela prioridade do rapto. Gustavo ofereceu-se
(talvez exorbitantemente, porque é pai, demais outros o são) para a
investigação. G.B. conhecia vagamente os Martinho, gente endinheirada, pais
da criança, muito desejada e um tanto tardia. Não foi preciso procurar o
endereço. Uma fita colocada pela P.S.P., vedava o acesso a curiosos e
jornalistas, incluindo a televisão. G.B. bateu levemente na porta. Recebeu-o
uma interessante jovem, a preceptora, em pranto e visível angústia. Afirmou
que os senhores tinham viajado de iate com amigos, deixando o Aldinho – era a
única a chamar a criança desta forma, desde que ela tomara conta como uma
mãe, ainda no berço, agora já com três aninhos – à sua guarda. Confiavam
tanto nela! Que desgraça! Levara-o para a sala e deixara-o entregue aos seus
brinquedos, descendo à cozinha para fazer um lanche. Depois, pareceu-lhe
ouvir passos pesados lá em cima. Correu a tempo de ver um homem, com a
criança nos braços, saltar pela janela aberta e descer pelo escadote ali
encostado, para o solo a dois metros deste, correr para o carro perto e fugir
com a criança. G.B. acenou,
pensativo. Observou a sala, com os cobertores da cama revoltos, os brinquedos
arrumados, um tubo de talco, desfeito, espalhando o pó onde se via uma pegada
larga de homem, que ia até à janela; no quadro perto do sítio onde teria
estado a criança, a giz, que não se encontrou, estavam escritas as palavras,
em letras de imprensa, maiúsculas, ameaçadoras: LEVO O ALDINHO. PREPAREM
50.000€, SENÃO… Desceu. Trocou
impressões com os colegas. Chegou, entretanto, o administrador da casa, que
encorajou a rapariga: “Tudo se arranja, minha querida Leonor, vou levantar o
dinheiro e temos o miúdo de volta!” G.B. deu de ombros
e encaminhou-se para o escadote: no solo arenoso umas leves pegadas, bocados
de vidro da janela partida e a pedra enrolada num pedaço de pano; não
encontrou vestígios do talco na escada. Voltou já com uma ideia formada,
quando o jardineiro, que vivia nas traseiras, esclareceu: “Fui eu que meti aí
a escada, a pedido da menina Lurdes, para limparem a janela…” – Obrigado, amigo!
Acabou de esclarecer o resto que faltava. Sei quem é o autor do rapto! Pergunta-se: Quem
foi o autor do rapto, e em que se fundamentou G. B. para a sua afirmação? |
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DANIEL FALCÃO |
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