Autor Data 15 de Dezembro de 1949 Secção Publicação Mundo de Aventuras |
CHEQUE-MATE Amigo Augusto
Pimenta fora encontrado morto na sus residência. Chamado ao local, o Inspector Lister analisou a
cena da ocorrência. A vítima, sentada e com o busto dobrado sobre a
secretária, apresentava na testa o buraco da bala que lhe causara a morte,
perfeitamente redondo e sem vestígios de pólvora. Perto da sua mão direita,
um lápis e um papel em que se podia ler esta inscrição: «O – O», como tudo
parecia indicar e foi verificado, feita pela vítima. Por sua vez, a mão
esquerda segurava algo: uma pedra de Xadrez, pedra
essa que faltava num tabuleiro, colocado ao lado da secretária, com as
restantes dispostas como para a iniciação duma partida. O
Inspector deu-se como satisfeito por este exame e
preparou-se para ouvir os três indivíduos sobre quem recaiam mais suspeitas
pelo crime cometido, aos quais pôs ao corrente do que sucedera. Ei-los e as respectivas declarações: BERNARDO
REI: – Augusto Pimenta ameaçara-me com a cadeia, se eu não lhe pagasse uma
dívida avultada. Infelizmente, tive de reconhecer a impossibilidade de
satisfazer tal compromisso, dentro do prazo que me indicara. Por isso, procurei-o,
para lhe pedir um adiamento. Concedeu-mo,
como poderei provar. Esperava, assim (e ainda tinha três dias para tal) poder
saldar a minha dívida; Mas, de qualquer forma, Inspector,
jamais trocaria a minha posição de preso por devedor, pela de preso por
assassino!» –
Bem – redarguiu o Inspector – diga-me, ainda, uma
coisa: sabe jogar o Xadrez? –
Não, – foi a resposta obtida. ROQUE
PEREIRA: – «De facto, tive desinteligências com Augusto Pimenta. Negócios em
que nos metemos causaram encargos mútuos, sim, mas lucros, quási só para um.
Em todo caso, acabáramos por chegar a um acordo e, por fim, até fôra convidado por Augusto Pimenta para um serão, durante
o qual ele me ensinaria o Xadrez. Seria essa uma maneira de selar a nossa
reconciliação, e de eu poder assistir, percebendo da matéria, à «final» do
Torneio de Amadores de Xadrez, que ele teria de efectuar
com Oswaldo de Oliveira.» OSWALDO
DE OLIVEIRA: – «Sim, Inspector,
houve, entre mim e Augusto Pimenta, algumas disputas. Mas tudo, creia, só por
causa do Xadrez, onde éramos adversários e rivais, mas não inimigos. Estava
apurado para disputar com ele a «final» do Torneio; e, na realidade, dada a
sua falta, eu fico vencedor. Porém, Inspector, acha
que, só pela ânsia duma vitória, eu seria capaz de…?» O
Inspector deu por findos os depoimentos, e, com o
espírito transportado para os tempos em que fôra
campeão de Xadrez, na sua Universidade, exclamou satisfeito: – A questão está
solucionada! O assassino, confiado, permitiu que Augusto Pimenta fizesse o seu
jogo e este em dois lances, (duas pistas que me levaram, directamente,
ao nome do criminoso!) – deu-lhe, também, um verdadeiro «cheque - mate»! Poderão
os Consócios e Amigos dizer-me o nome do criminoso e como o descobriram? |
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© DANIEL FALCÃO |
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