Autor Data 30 de Setembro de 2021 Secção Policiário [91] Publicação Sábado [909] |
ELEMENTAR, MEU CARO WATSON… António Raposo …É como lhe
digo, senhor inspetor. Assim que vi o Sr. Espinhosel
deitado, naquela posição e com aquele punhal cravado nas costas, não fiz mais
que fechar o quarto à chave, meter esta na algibeira e chamar a polícia. – Fez muito bem
Sr. Ideias, fez muito bem… O inspetor foi
introduzido numa magnífica sala de estar, onde lhe foram apresentados um
sobrinho e uma sobrinha do morto, que juntamente com o Sr. Ideias – o criado –
perfaziam o total de pessoas que habitavam no palacete. Depois de fazer todo
o género de perguntas, o inspetor conseguiu reunir os seguintes factos: – A vítima,
que fora apunhalada por volta das 22 horas, estava deitada de bruços, com um
lindo punhal introduzido até ao cabo, no lado do coração. Não havia no punhal
impressões digitais. Junto do corpo foi encontrada uma pétala de cravo, sem
cheiro, pois não era natural. O cofre do velho apresentava-se completamente limpo.
Tinham desaparecido 150 contos em dinheiro e papéis de crédito, juntamente
com o testamento que, segundo se veio a saber, deixava toda a fortuna à
sobrinha do morto e era lá que se encontrava. A única janela que existia no
quarto estava arrombada; alguém da parte de fora partira o vidro para,
metendo a mão, abrir a janela e por ela entrar. Pedaços de vidro
encontravam-se no quarto junto à janela arrombada. O ladrão assassino fora
bem esperto, porquanto, depois de matar o velho, roubara toda a massa e
voltara por onde tinha entrado. Mais tarde
soube-se que a sobrinha do morto usava cravos como adorno, e quando os não
encontrava naturais, comprava-os de papel e perfumava-os sempre com essência
de cravo. Nenhum membro
da família tinha álibi. O criado havia
25 anos que servia fielmente a família Espinhosel. Soube-se que
no dia da morte do velho a sobrinha tinha um lindo ramo de flores artificiais
no seu vestido exageradamente decotado. E das muitas coisas que ouviu, nada
mais lhe interessou… O nosso inspetor já tinha as suas ideias e ao sair
fez-se acompanhar… – Alto! Os
nossos leitores também sabem. 1º – Quem
pensam que matou? 2º – Porquê? 3º – Exponha convenientemente
a sua dedução. |
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© DANIEL FALCÃO |
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