Autor Data 18 de Setembro de 1975 Secção Competição Policiário nº 2 Publicação Mundo de Aventuras [103] |
UM TROVÃO FORTE FEZ VIBRAR A CASA… Camarada X FERNANDES É o milionário, assassinado. Homem
solteiro que vivia na companhia de um filho adoptivo… CARLOS O filho adoptivo
do milionário. Passa o tempo nos bares e outros locais, gastando largas somas
com os amigos… MORDOMO Um homem novo e há pouco tempo ao
serviço, parecendo de bom carácter… Estava
uma noite chuvosa. O inspector Gomes lia
descansadamente o jornal, junto do fogão. Lá fora a chuva continuava a cair
com grande intensidade. Estava confortável, o inspector…
Porém o conforto desapareceu num instante. O telefone tocou. O sargento
Gonçalves, que estava nessa noite de serviço com o inspector,
foi atender. Depois de uma breve conversa, o sargento voltou-se para o inspector e disse: –
Chamam-nos à rua de… com urgência. Parece que houve lá um crime… Contrariados,
mas assim os chamava o dever... Saíram para a rua e entraram no automóvel.
Meia hora depois estavam na morada indicada. Eram 23 horas. Tratava-se
de uma grande mansão que o milionário Fernandes conservava e nela tinha
orgulho. O mordomo veio atender o inspector e o
sargento, introduzindo-os em seguida num vasto escritório onde o milionário
estava prostrado com um orifício de uma bala na fronte. –
Foi um tremendo choque… a morte do senhor Fernandes. Era tão bom para mim...
– dizia o mordomo visivelmente perturbado. Carlos,
o filho adoptivo do milionário, que vivia com ele
desde pequeno, apareceu também para prestar declarações. –
Conte-me como se deu isto! – disse o inspector Gomes enquanto fazia sinal ao sargento para
tomar apontamentos. Foi
o mordomo quem respondeu: –
Tudo aconteceu num instante. Um trovão forte fez vibrar a casa e a luz
falhou… Fusíveis, pensei. Não obstante o barulho da trovoada, ouvi um tiro.
Acendi uma lanterna e corri ao escritório. Vi então o patrão morto com uma
bala na fronte, e uma sombra que deslizava pela janela aberta. Não pude
persegui-la visto desaparecer na escuridão. Não toquei em nada. Peguei no
telefone e chamei os senhores. Enquanto não chegavam fui à cave consertar os
fusíveis e a luz voltou. Foi um alívio para mim a chegada do senhor Carlos,
logo a seguir… Carlos
afirmou: –
Não estive esta noite em casa. Fui para o bar com os amigos e só voltei há
momentos, um pouco antes do senhor inspector
chegar. Só então dei conta do que se tinha passado… Não compreendo quem teria
matado o meu protector… Não tinha inimigos… O
inspector Gomes examinou o cadáver. Tudo parecia
confirmar o que dissera o mordomo. Não havia sinais de luta e a janela estava
aberta… –
Não há mais ninguém a viver cá em casa? – perguntou
o inspector. –
Há uma criada e a cozinheira, mas hoje foram ao cinema com os namorados… –
respondeu o mordomo. –
Não toquem em nada!... Vou mandar tirar as impressões digitais… – disse o inspector Gomes, consultando o rico relógio eléctrico colocado na parede do escritório, que marcava
vinte e três horas e trinta minutos. O
inspector Gomes e o sargento Gonçalves despediram-se. O
inspector ia já mergulhado nos seus pensamentos. O
sargento falava: –
Acho, inspector, que estamos a enfrentar um caso
intrincado… Não há nada… Só a janela aberta e isso não chega… a não ser que,
ao saltar, o assassino tenha lá deixado as impressões digitais… O
inspector Gomes pára
bruscamente, e exclama: –
Pelo contrário… Não sei como não tinha pensado nisso antes… Não podemos
deixar assim à solta o assassino do milionário… Vamos prender… 1
– O inspector prendeu quem? 2
– Porquê? |
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© DANIEL FALCÃO |
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