Autor Data Janeiro de 1977 Secção Enigma Policiário [10] Competição Volta
a Portugal em Problemas Policiais 7ª Etapa (Évora – Beja – Faro – Quarteira – Lagos) Publicação Passatempo [32] |
A MORTE DO SARGENTO COSTA Delgas O Sargento
Costa encontrava-se em missão no interior da selva, com um grupo de 60 homens
(oficiais, sargentos e praças), comandados pelo brigadeiro Quadros, militar
experiente e valoroso. Estavam acampados numa clareira enorme e divididos por
cinco tendas – a tenda 1 dos oficiais, a 2 dos sargentos e as 3, 4 e 5 dos
soldados. Havia ainda um posto médico e o Q. G. Eram 17 horas
e 30 e o sargento estava sozinho na tenda 2, escovando o seu uniforme. Tinha
acabado de o vestir quando sentiu passos de alguém que se aproximava da
entrada da tenda. Um vulto afastou a lona e entrou. Ao reconhecer o vulto, o
sargento Costa ergueu-se da posição em que se encontrava, sentado ao fundo da
tenda, e fez continência. Foi este o seu último acto,
pois o vulto empunhou um revólver e disparou contra o sargento, que soltou um
grito e caiu para trás, morto. Rapidamente, o vulto saiu e afastou-se
correndo da tenda 2. Eram 17 e 35. Foi dado o alarme e pouco depois
descoberto o corpo do sargento. O brigadeiro Quadros chegou ao local e inspeccionou: o sargento encontrava-se caído de barriga
para cima, no fundo da tenda, com o uniforme ensanguentado na zona do
coração; junto da entrada da tenda encontravam-se várias marcas de lodo, que
contrastavam com a cor do resto do chão. Nada mais de anormal se verificou. O
brigadeiro foi para o seu Q. G. e ficou meditando no caso. Pouco tempo depois
apareceu-lhe um soldado que disse ter informações. O brigadeiro Quadros
interrogou-o e o soldado disse o seguinte: «Estive desde
as 17 horas até às 17 e 30 e pouco à entrada da minha tenda, a 5, donde se
pode ver a entrada da tenda 2. Posso dizer-lhe os nomes de quatro homens que
por volta das 17 e 30 estiveram perto da tenda 2: são o cabo Zuzarte, o
tenente Rangel, o tenente Jesus e o capitão Vilar. Não vi nenhum deles lá
entrar, mas isto já o pode ajudar a resolver o caso». O brigadeiro
agradeceu a informação e mandou o soldado sair. Depois mandou chamar os
quatro homens citados pelo soldado. Em breve todos lá se encontravam. O
brigadeiro Quadros começou: «Tenho desgosto em dizer que um de vocês é o
assassino do sargento Costa, mas infelizmente tudo o indica. Vocês foram
todos, um por um, e só vocês, vistos perto da tenda 2 mais ou menos na altura
do crime. Quero que me digam o que fizeram toda a tarde e porque estiveram
perto da tenda 2». Primeiro falou o tenente Jesus: «Estive a conversar com o
capitão Bernardo na minha tenda desde as 16 horas até às 17 e 25. Depois fui
à tenda 3 falar com o soldado Portela e passei ao pé da tenda 2. Por sinal vilão
capitão Vilar, que me pareceu fora do seu estado normal». Depois falou o
capitão Vilar: «Estive desde as 13 horas no pântano em trabalho com um grupo
de homens, entre os quais o tenente Rangel e o cabo Zuzarte, que estão aqui.
As 17 e 15, mais ou menos, o cabo Zuzarte trouxe-me para cá, pois eu tinha
apanhado uma infecção nos olhos que me impedia de
ver. O cabo deixou-me ao pé da tenda 2, segundo ele me disse, e foi procurar
o médico, mas como demorava muito e eu estava a me sentir mal, afastei-me
dali a ver se encontrava alguém que me levasse ao posto médico. Agora já estou
melhor, já fui tratado». Em seguida
falou o cabo Zuzarte: «Estive de facto no pântano e trouxe para cã o capitão
Vilar. Deixei-o ao pé da tenda 2 e fui em busca do médico. Não o pude
encontrar e ao regressar ao pé da tenda 2 o capitão já lá não estava. Fui em
busca dele mas entretanto ouviu-se o tiro e o resto é fácil de perceber…» Finalmente
falou o tenente Rangel: «Também estive no pântano, até às 17 e 25, quando
voltei para cá. Dirigi-me para a tenda 3, que fica ao lado da 2, mas não
cheguei a entrar, pois ouvi um soldado chamar-me e fui a correr ter com ele.
Por essa altura deu-se o tiro». O brigadeiro
continuou o seu inquérito mas encerrou-o passadas duas semanas, sem ter
chegado a nenhuma conclusão. Mas isso não
é, decerto, o que sucederá consigo, Amigo leitor, não é verdade? Faça pois um
relatório dizendo: 1.º – Quem,
entre os quatro suspeitos, acha que foi o assassino. 2.º – O que o
levou a essa conclusão. 3.º – E porque
razão é que o brigadeiro não pôde resolver o caso. |
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© DANIEL FALCÃO |
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