Autor

Inspetor Fidalgo

 

Data

5 de Março de 2020

 

Secção

Policiário [9]

 

Competição

Torneio Sábado Policiário 2020

Prova nº 2 – Parte I

 

Publicação

Sábado [827]

 

 

O INSPETOR FIDALGO E A MORTE DO ADVOGADO

Inspetor Fidalgo

[Problema de homenagem ao confrade A. RAPOSO, falecido no dia 21 do passado mês de fevereiro, depois de uma vida de Policiário, desde os tempos do Clube de Literatura Policial e primórdios do nosso passatempo. Um dos mais brilhantes detetives do nosso Policiário e advogado de profissão.]

 

Quando chegou ao local, o Inspetor Fidalgo cumprimentou o seu amigo de longa data Raposo, que o esperava após o telefonema urgente que lhe fez.

– Então, amigo Raposo, diga-me lá o que se passa de tão urgente!

– Obrigado por vir logo, Fidalgo, mas é que tinha uma reunião marcada com um colega meu, o Albino, por causa de um processo em que ambos estamos como advogados, mas assim que cheguei, a porta do escritório estava aberta e dei com ele morto!

– Ora, Raposo, você é um detetive amador de grande nível, anda pelo Policiário há mais anos do que eu tenho de vida, claro que já tem ideias, não?

– Ó Fidalgo, ideias tenho, mas não quis chamar a polícia assim, sem lhe dar uma palavra, sem a sua visão profissional! Ainda não chegou mais ninguém, não há mais entradas ou saídas do edifício, portanto está tudo exatamente como eu encontrei…

– Vamos ver!

O escritório era pequeno, mais ou menos quadrado, com uma ampla janela frente à porta de entrada. Do lado direito, estava uma secretária, na frente da qual havia duas cadeiras, certamente para as visitas. Encostada à parede, atrás da secretária, um cadeirão, onde se sentaria o advogado Albino. Na outra parede, abria-se uma porta que dava acesso a uma casa de banho interior, minúscula e, de ambos os lados, havia estantes cheias de livros e fotos de família.

O Albino estava deitado de bruços no chão, com a cabeça na direção da janela e os pés a pouca distância da porta de entrada. Junto da sua mão esquerda, estava uma pistola de pequeno calibre, uma 6,35 mm e na têmpora do mesmo lado, era visível um orifício no centro de uma rosácea de pele queimada…

– É óbvio que o disparo foi com o cano encostado ou muito perto, certo Fidalgo?

– Sim, claro! Parece um suicídio… Esse processo é coisa forte?

– Não, nada de especial, uma porcaria de seguros, coisa sem importância…

Numa das estantes, Fidalgo notou uma fotografia em que se via o Albino em posição de tiro, segurando uma pistola idêntica à que ali estava…

– A arma é dele?

– Acho que sim, o Albino tinha uma e gostava de gabar os seus dotes de atirador exímio. Como advogado podia ter licença e sempre a teve. Olhe só para a pose dele!

– Sim, perfeita, com as pernas afastadas, pistola bem segura na mão direita, à altura dos olhos… Sim senhor, um atirador… Ó Raposo, vamos vasculhar cada canto deste escritório, sabe o que temos de procurar, não é verdade?

– Absolutamente, Fidalgo!

Passados alguns minutos de intensa e pormenorizada busca, sem nada encontrarem de significativo, ambos reconheceram que haviam ali coisas que não jogavam entre si.

– Bem, Raposo, de qualquer maneira já temos umas tantas ideias…

As perguntas que o Inspetor quer ver respondidas e justificadas, são:

– Houve crime, suicídio ou acidente?

– De que indício andaram à procura?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO