Autor

Inspetor Fidalgo

 

Data

30 de Dezembro de 2020

 

Secção

Policiário [52]

 

Publicação

Sábado [870]

 

 

O ÚLTIMO DESAFIO DO ANO

Inspetor Fidalgo

 

O Manuel é um empresário de pouco sucesso que, de uma forma geral, não consegue realizar o seu sonho de ser rico em pouco tempo e, se calhar, nem em muito tempo. Certamente que há algum erro na escolha da atividade, o que vai fazendo com que a fortuna esteja cada vez mais longe.

A história que lhes vou contar passou-se hoje mesmo, há pouco mais de uma hora e é bem demonstrativa daquilo que acabei de dizer.

Como disse, há cerca de uma hora, o Manuel telefonou ao seu grande amigo Florêncio para lhe pedir que lhe desse uma ajuda e lhe facultasse uma certa verba, sob pena de perder um grande negócio:

– Florêncio, é muito importante e simples. Há um comerciante chinês que tem uma enorme quantidade de aparelhos de alta tecnologia para vender, tudo legal, e vende-me a mim a um bom preço. Sabes, o tipo atrasou-se com a compra e quando chegaram já o Natal tinha passado e, portanto, está pronto a vender-me muito em conta, porque lhe fica mais caro devolver à procedência. Mas tem de ser já e pago em dinheiro vivo, ou nada feito!

– Está bem, Manuel, mas para quê a pressa?

– O tipo diz que tem de partir ainda hoje, tem bilhete de avião e tudo e no dia 1 vai sair uma notícia no Público sobre este mesmo aparelho. Por isso, assim que o jornal sair, certamente que vai haver uma corrida desenfreada, o preço vai subir e com esta quantidade, estou garantido…

– Tens a certeza que é seguro? A notícia vai dizer o quê?

– Ora, a notícia é de um técnico especialista que vai dizer que estes aparelhos têm uma excelente qualidade e desempenho… Vai ser uma corrida ao produto e se eu comprar a este preço, posso vendê-lo pelo dobro… Só preciso é do capital, imediatamente, para ir buscar os aparelhos…

O Florêncio sabia que o amigo não tinha grande habilidade para os negócios e por isso complicou propositadamente a situação e foi ter com o amigo com o pretexto de lhe levar o dinheiro.

Como tinha um encontro com o inspetor Fidalgo, pediu-lhe que o acompanhasse e assim foram falar com o comerciante chinês.

Ouviram da boca dele a mesma história, já contada pelo Manuel.

Depois de verificarem o material que ia ser vendido ao amigo, Florêncio não teve dúvidas de que o preço até nem era mau, em função das características do produto e não parecia ter grandes hesitações, mas logo Fidalgo pôs água na fervura, adiantando que o negócio talvez não fosse tão rentável como o amigo de Florêncio julgava, nem a corrida aos aparelhos ia ser como ele apregoava, porque

 

1 – Os aparelhos não estavam em boas condições;

2 – Os aparelhos não iam ser noticiados como o chinês apregoava;

3 – Os aparelhos não tinham etiqueta de origem;

4 – Os aparelhos não funcionavam com a nossa eletricidade.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO