Autor

Márvel

 

Data

2 de Agosto de 1959

 

Secção

Na Pista do Culpado [13]

 

Competição

Torneio de Homenagem ao Policiário Português

Problema nº 5

 

Publicação

Ordem Nova

 

 

V PROGRAMA

Márvel

 

ReT-56 001Todas as semanas, às quintas-feiras, difunde a Emissora Nacional a única rubrica policial radiofónica, possuidora de «categoria». É dirigida pelo famoso Inspector Varatojo – quem não conhece este nome ou os seus «A B C POLICIAL»? – e conhecidíssimo pelo Torneio que organiza para a escolha do «Melhor Sherlock do Ano», disputado em moldes semelhantes ao nosso «Torneio Anual». Qualquer «Sherlock» que o escute, dará por bem empregado o tempo que nisso gastou.

 

– E agora, senhoras e senhores espectadores – anunciou o empresário. – O «V Programa», um caso policial apresentado em desafio ao vosso raciocínio e perspicácia.

Estrugiram palmas. O pano subiu, deixando ver uma sala com duas portas laterais e uma central, fronteiriça à plateia.

Ouve-se uma voz:

– Ante os olhos dos senhores espectadores, acha-se o local onde o crime vai ser perpetrado. Uma sala vulgar, alegre, inocente. Eis que alguém entra. Quem é? A vítima. Notam-lhe quaisquer sintomas de preocupação? De medo? Não, move-se com absoluta tranquilidade, como se o fim ainda estivesse longe. Não pode adivinhar que… olhem… reparem, assenhores espectadores, a porta da direita…

Uma mão armada de uma pistola emergiu duma das saídas laterais, apontando para a vítima, de costas junto da porta central. Da plateia, o Inspector Varatojo assestou o seu binóculo para o membro prestes a tornar-se assassino. Analisava o mais precisamente possível os dois anéis que rodeavam igual número de dedos daquela mão. Sentiu-se particularmente atraído pelo brilho de um azul intenso que se desprendia da pedra de um deles.

Um tiro… A vítima cai… A mão desapareceu…

– O crime foi cometido à vossa vista, senhores espectadores. Assistiram a um crime frio, cobarde e repugnante. Ouvem-se passos. Vão entrar os três suspeitos. Um deles é o culpado. Mas, cuidado, não vos deixeis influenciar pelo que transpuser a porta donde o tiro partiu. O assassino entrará por outra. Ei-los…

Quase ao mesmo tempo três homens entraram no palco, cada um port sua porta. O Inspector Varatojo dirigiu o seu binóculo para o que entrou pela porta central, procurando-lhe as mãos. Examinou-lhe a esquerda. Não tinha anéis. Em seguida fitou mais demoradamente a direita. O par de anéis desta era parecido com o que ornava a mão do culpado. A pedra de um deles, uma safira, era maravilhosa.

Decorreram alguns minutos.

Desvendem o crime, senhores espectadores. Vinguem a morte daquele infeliz. Todos os dados necessários vos foram expostos.

A resposta foi o silêncio. Um silêncio que se eternizaria se o Inspector Varatojo não chamasse4 a si a iniciativa.

 

PERGUNTA-SE:

– Quem é o culpado?

– Porquê?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO