Autor Data 26 de Agosto de 2021 Secção Policiário [86] Publicação Sábado [904] |
A EXTENSÃO 11 NÃO RESPONDE Sete de Espadas Estamos no 64º
andar de um dos muitos arranha-céus de Nova Iorque. Um amplo salão, e nele um
labirinto de pequenas “ruas”, bem talhadas sempre em ângulo reto, contornam a
maior variedade que se possa imaginar de secretárias grandes, pequenas, altas
e baixas e uma infinidade de pranchetas e mesas de desenho. Cinco portas e um
guarda-vento dão acesso, respetivamente, a quatro gabinetes – direção, chefe
dos desenhadores, secretária e tesoureiro –, comunicações com o hall onde se encontra
o contínuo e finalmente, o guarda-vento, para um amplo corredor com portas à
esquerda e direita que servem a arrecadação, sala de mapas, arquivos, WC e
chuveiros. Ao fundo do corredor, uma larga e bem delineada escadaria de
acesso ao terraço donde se divisa uma vista surpreendente, para nós europeus,
acostumados às “vilas” de pouca altura, mas que o nova-iorquino não admira,
porque não tem tempo e também porque nunca viu a poesia das águas mansas do Hudson. Contínuo: foi ao
gabinete do secretário que lhe pediu um copo com água para tomar um
comprimido, porque se sentia maldisposto. Quando voltou com o copo, Mr. Crowl estava a falar ao
telefone e com mau parecer. Não pode precisar hora, porque não reparou… Nelson:
confirma as suas impressões, no momento em que entrou no gabinete e que
ninguém mexeu em nada. O diretor: diz
que também não viu ninguém mexer em nada e que prontamente, com Nelson, fez
sair todos do gabinete e vieram até ao salão, encostando a porta. Depois de
pedir que chamassem Alex, voltou com Nelson para dentro do gabinete. Carplow: diz que se ninguém saiu para o corredor, visto
que a sua secretária é a que está mais perto do guarda-vento, e também que
quando foi à sala dos mapas, nada viu de suspeito. E mais ainda: O
engenheiro-diretor e Nelson, afirmam que quando da
primeira entrada não repararam no punhal: o hall e os quatro gabinetes tem
as mesmas dimensões e disposição dentro do salão: o copo meio de água contém
um narcótico que começaria a produzir efeito 10 minutos depois de tomado,
conservando o corpo inanimado durante 40 horas: Crowl,
em Inglaterra usara o nome de John Brader e entrara
ao serviço da Companhia há ano e meio; Garplow foi
ajudante do tesoureiro e do secretário, tendo sido, mais tarde, afastado do
lugar: um livro aberto sobre a secretária de Crowl
mostrava a escrita viciada e na tesouraria havia um desfalque de 15.000
dólares: o contínuo entrara ao serviço há 16 meses: o punhal, que foi cravado
com muita violência, tem uma lâmina forte e comprida: bastante pesada, e um
cabo muito curto, oco e leve; a pistola tem bem visíveis as impressões
digitais de Crowl: a morte, que fora instantânea,
verificou-se às 15 horas e 13 minutos: o contínuo recebera um sobrescrito
confidencial, às 15 horas, e nega-se terminantemente a dizer o que contém. E depois de
tudo isto, o nosso “detetive” particular Alexis
Smith, pegou numa grande folha de papel e começou por escrever o seu
relatório, perguntando o seguinte: 1.o
– Como morreu Crowl? Porquê? 2.o
– Que relação existe entre o copo com o narcótico, o punhal e o tiro? 3.o – Como se deve ter passado
o caso? |
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© DANIEL FALCÃO |
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