Publicação: “Público”

Data: 13 de Dezembro de 1992

 

 

Torneio de Preparação

1992

 

 

 

 

TORNEIO DE PREPARAÇÃO

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 4

 

O ROUBO DA TRÍADE

Autor: De La Tierra

 

A tríade foi, de facto, roubada pelos três americanos, cada um dos quais seria portador de uma das peças do valioso conjunto.

Os elementos fornecidos, pelo telefone, ao detective Cecílio, e bem assim o teor do diálogo deste mesmo detective com os três suspeitos, no aeroporto de Acra, parecem conduzir a tal conclusão. De facto:

a) Começa por ser altamente suspeito que três americanos, supostamente desconhecidos uns dos outros, tenham viajado no mesmo avião e com o mesmo destino (Acra), logo a seguir ao roubo.

b) O passado criminoso dos três viajantes caracteriza-se por um conjunto de modalidades de actuação que, no caso vertente, se conjugam e se completam no sentido do êxito da operação de Banguecoque; os explosivos de baixa densidade (Mahoney) teriam serviço para forçar a abertura do cofre; o sistema de alarme (Carlsson) terá sido previamente avariado; e a entrada na área citadina interdita a estrangeiros teria sido conseguida graças a subornos e tráfico de influências (Travis).

c) Ao corrigir o detective, quando este aludiu ao Siddharta Iluminado, o suspeito Mahoney revelou que havia estado na loja de antiguidades, em cujo tecto estava pendurada uma imagem do Siddharta Jejuante, em zona interdita a estrangeiros.

d) O suspeito Travis, utilizando a mão esquerda para escrever, poderia ser a mesma pessoa que utilizou o canivete encontrado junto do cofre arrombado e em cujo cabo (do lado direito) havia sinais de ser habitualmente manejado por um esquerdino.

e) O argumento do suspeito Carlsson para explicar a sua alegada ignorância a respeito do roubo de Bangkok, é claramente falso; tendo em conta a diferença de longitude entre os pontos de partida e de chegada (cerca de 90 graus) e considerando que a viagem demorou treze horas, no sentido leste-oeste, o avião não poderia ter partido às três horas da madrugada, mas sim por volta das nove da manhã – isto é, depois de perpetrado o roubo; a diferença horário é de menos sete horas (sete fusos horários para Ocidente), o que explica que, tendo o avião chegado às 16h00 de Acra (ou seja, 23h00 de Bangkok), a sua partida só poderia ter sido às dez horas locais e não às três da madrugada!

© DANIEL FALCÃO