Problemas Problema nº 4 |
PROBLEMA Nº 4 OS AMANTES | De: MDV (compilação editorial) Encontros rápidos? Deves estar a brincar – disse Luísa. Ela não estava interessada em participar em mais actividades casamenteiras. Luísa tinha-se divorciado há dez anos e, durante todo esse tempo, inscrevera-se em ginásios, participara em grupos de igreja, fizera compras no mercado da moda, jogara bólingue e avançara com quase todas as ideias que lhe chegavam para conhecer a sua “alma gémea”. Porém, estar sentada numa grande sala com outras 20 mulheres e ter encontros rápidos de cinco minutos com 20 homens que nem conseguiam chamar a atenção de uma mulher num bar, isso nem pensar. – Oh, vá lá. Até parece que tens grandes planos para quarta-feira à noite – persuadiu-a Madalena. – Até tenho. Estou a preparar-me para uma colonoscopia! – replicou Luísa. E desligou o telefone. Encontros rápidos. O próprio conceito da coisa parecia-lhe ridículo. O que é que se aprende em cinco minutos? Era humilhante. Ela não o faria. Não estava assim tão desesperada. Mas Madalena estava. Ela ligou a Luísa na quinta-feira à noite, depois de a amiga ter voltado da colonoscopia, pelo que Luísa ainda estava um bocadinho atordoada devido à sedação. – Adivinha! Cruzei-me com uma velha paixão nos encontros rápidos! – Quem, Madalena? – O tipo certo! Vamos sair no sábado à noite. Ele é a minha “alma gémea”, Luísa! Eu sei que é! Luísa suspirou. Era mais provável que fosse o tipo errado. Madalena tivera uma série de namorados péssimos e sentia-se sempre atraída por homens que depressa revelavam o seu verdadeiro «eu». Tinha havido Leonardo, que lhe batia e que, quando Madalena acabou a relação, a perseguiu até ela conseguir obter uma ordem de afastamento contra ele. E também o Henrique, o viciado em cocaína que teve um ataque em casa da Madalena e partiu todas as peças de cristal que eram da mãe dela. Ah, e tinha havido Ricardo, o segurança do Centro Comercial que fazia part-time numa loja de fragrâncias e que passava a vida em negócios escuros. Para não falar de José, o baterista que pedira emprestadas a Madalena todas as suas poupanças para poder manter a banda activa, mas que nunca lhe devolveu o dinheiro. E ainda Miguel, o mentiroso que não só era casado como tinha mais uma namorada. Madalena nunca tinha sido casada e dizia que conseguia ouvir o relógio biológico dar horas a meio da noite. Luísa tentara explicar-lhe que o que ela estava a ouvir era o sangue que lhe pulsava nos ouvidos, mas Madalena respondeu que estava quase sem tempo: tinha 30 anos! Luísa troçou. OK, Madalena – disse ela. – Liga-me de manhã e conta-me tudo. Madalena não telefonou a Luísa na manhã seguinte e não apareceu no trabalho. Ao meio-dia, Luísa estava muito preocupada e foi a casa da amiga à hora de almoço, mas ela não estava. Ligou de imediato para a esquadra da Polícia. Disse-lhes que Madalena estava desaparecida e forneceu-lhes uma lista de todos os amantes que esta abandonara. Dois dias depois, o corpo semivestido de Madalena foi encontrado numa ravina ao pé de casa dela. O médico-legista disse que Madalena tinha sido morta com dois tiros. As duas balas tinham entrado no seu corpo pelo mesmo orifício e ainda estavam alojadas no peito. Além de mais, provinham da mesma arma, um revólver de calibre 6.35 mm. No entanto, aquilo que lhe parecia mais peculiar era o facto de as roupas dela cheirarem intensamente a alcaçuz. Qual dos antigos amantes de Madalena a matou? Dê a sua opinião fundamentando-a … ! As propostas de solução devem ser enviadas até ao dia 14 de Maio para viroli@sapo.pt. |
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DANIEL FALCÃO |
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