Problemas Problema nº 6 |
PROBLEMA Nº 6 PAIXÃO ASSASSINA |
De: MDV (compilação editorial) Nazário abriu a porta e cambaleou para trás,
quando foi atingido por um fedor que não se assemelhava a nenhum outro que já
sentira. Incapaz de respirar, ligou a ventoinha de teto e
correu até uma janela aberta, mas ainda assim, tapou o nariz com a manga e
passou a inspirar e a expirar em movimentos curtos. Parecia que tinha passado por ali um furacão. Não
só todos os móveis estavam de pernas para o ar, como
havia jornais espalhados, plantas derrubadas, as duas portas de vidro que
costumavam fechar a estante dos livros estava agora estilhaçadas e a alcatifa
estava encharcada. Mas nada daquilo explicava o cheiro. Nazário foi até à cozinha, onde deu com mais
destruição, e viu o corpo de Helena deitado de costas no chão do mosaico. A
cabeça dela tinha sido esmagada e ele viu logo o objecto
que tinha sido usado como arma do crime: uma pequena estátua de Poseidon que Helena comprara na Grécia no ano anterior. A
estatueta, que se encontrava junto da mão esquerda dela, estava completamente
coberta de sangue. No fogão estava uma frigideira onde os ovos tinham
solidificado, e Helena tinha uma espátula na mão direita. Pelo cheiro, podia
dizer-se que estava morta há bastante tempo. Nazário tornou a enfiar no bolso
a nota que ela lhe enviara. Perante tudo aquilo, o caso amoroso dele e a
discussão que tinham tido deixavam de ser importantes. Mais tarde, no passeio em frente ao apartamento de
Helena, um Inspector da Polícia fez perguntas a
Nazário, enquanto a equipa de investigação criminal recolhia provas dentro de
casa. – Eu vim cá porque ela me mandou uma carta há uns
dias, na qual dizia que já não me amava, que tinha encontrado outra pessoa e
que estava muito feliz – disse ele. – Então você matou-a? – Perguntou o Inspector Belo. – Não! Quero dizer, eu estava chateado, claro.
Custou-me ler a carta, mas não a matei. Liguei várias vezes e deixei uma
mensagem, no atendedor, dizendo que percebia e que podíamos ser amigos –
respondeu Nazário. – Como ela não atendeu o telefone durante dois
dias, resolvi vir cá e falar com ela pessoalmente. – Onde está essa carta? Nazário tirou o envelope do bolso, e entregou-os
ao Inspector. – Eu mandei analisar a carta – disse ele,
indicando a análise feita pelo Dr. Pedroso, que era grafólogo. – Ela não me
podia amar. Ela era incapaz de sentir amor. O Inspector Belo
observou Nazário com cuidado, para ver se encontrava sinais de instabilidade
mental, mas ele não parecia ser louco. Nazário tinha-lhe entregado uma carta
muito bem dobrada. A primeira coisa em que o Inspector
reparou quando a abriu foi de facto a caligrafia se inclinar muito para a
esquerda e a tinta estar um pouco esborratada. – Quando é que recebeu isto? – Há alguns dias porquê? – Não me parece que a sua ex-namorada tenha
escrito essa carta. – Disse o Inspector. – O quê? – perguntou Nazário, confuso . Porque é que o Inspector
Belo acha que não foi Helena que escreveu aquela carta? Dê a sua opinião fundamentando-a! As propostas de solução devem ser enviadas até ao dia 14 de Julho para viroli@sapo.pt. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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