Problemas Problema nº 5 |
PROBLEMA Nº 5 TRAVAGEM
ACIDENTADA | De: MDV (compilação
editorial) Ricardo não parava de bater com a palma da mão no meio do volante, fazendo soar a buzina muito alto e durante muito tempo, embora apenas quisesse que o som atravessasse os meros centímetros que separavam o seu para-choques traseiro do lento sedã que lhe bloqueava a passagem. A Velhota parecia não perceber a dica e limitava-se a continuar a guiar no limite de velocidade, impedindo-o de acelerar a fundo para o almoço de negócios para o qual já estava demasiado atrasado. Ricardo estava absolutamente farto do caminho que fazia todos os dias e dos condutores idiotas com que tinha de lidar. Ele tornou a acelerar, na esperança de intimidar a velhota a ponto de ela encostar para o deixar passar. No momento em que estava a levantar a mão para tornar a apitar, viu as luzes dos travões da senhora acenderem-se à sua frente. A sua reação instintiva foi virar o volante para contornar o carro parado, mas isso obrigou o seu SUV a deslizar pela estrada de duas faixas, a 65 quilómetros por hora. O veículo capotou, rolando mais de três vezes, até que parou numa vala à beira da estrada. Ricardo não estava a usar o cinto de segurança. Enquanto foi sacudido dentro do carro, partiu o pescoço. Ricardo foi declarado morto no local, mas, surpreendentemente, o veículo estava bastante intacto. A velhota continuou a guiar, até que a Polícia a mandou parar numa estrada local, que ficava a uns dez minutos do sítio do acidente. Uma pessoa que estava a correr tinha assistido a quase tudo e conseguiu identificar o Ford Taurus da senhora. – Sabia que houve um acidente lá atrás quando a senhora pisou o travão? – perguntou o agente, examinando o veículo dela. Beatriz olhou para o agente com um ar confuso. – Oh lamento – disse ela. – Eu não sabia que ele estava atrás de mim. Vi um animal na estrada, um pequeno texugo, e tive de travar para o bichinho passar. Espero que ninguém se tenha magoado. – Morreu um homem – explicou o agente, espantado por Beatriz estar a agir com tanta calma. – A senhora está a dizer que travou a fundo para salvar um texugo? – Sim, senhor – respondeu ela, sorrindo com doçura. Beatriz estaria a dizer toda a verdade à Polícia? Dê a sua opinião … fundamentando-a! |
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DANIEL FALCÃO |
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