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Dezembro de 1979 – Abril/Maio de 1987 XYZ-Policiário XYZ nº 10 |
XYZ-MAGAZINE HISTÓRIA DO CONTO POLICIÁRIO E DE FICÇÃO E ANTECIPAÇÃO CIENTÍFICA XYZ-POLICIÁRIO Por L.P. (Algés)
ALGUMAS
PALAVRAS Pois é, caros amigos! Eu sei que têm razão, mas nada há a fazer por agora. O nosso belo sonho foi parcialmente desfeito: AINDA NÃO PODEMOS INDICAR CLASSIFICAÇÕES HOJE! Na realidade, o atraso da saída da revista, obrigou-nos, claro está, a alargar o prazo. E, claro, alargando o prazo, forçou-nos a um trabalho extra, mas… Claro está, há sempre um ou outro imprevisto e… «nunca podemos prevê-los». Neste caso foi a luta de trabalhadores por melhores condições de vida, foi a greve dos trabalhadores dos CTT. O atraso provocado na entrega da correspondência foi notório e não sei sequer se estará regularizada a situação, pelo que, evidentemente, não há classificações, para já. Mas, há mais más notícias. Para já, o Convívio de Santarém, segundo foi ventilado no Convívio de Algés (sabiam que estávamos lá mais do 40 convivas, o que constitui «record» nos últimos tempos?), foi adiado para data a indicar, sobretudo devido ao atraso de saída da «nossa» revista. Mas nem tudo é mau, felizmente! Assim, imaginem só que temos hoje a oportunidade de inserir um magnífico problema que será o componente da prova nº 3 do já famoso I CAMPEONATO NACIONAL. Deliciem-se com ele que a resolução vai ser «bico»… A ver vamos… E posto isto, vamos ao I CAMPEONATO NACIONAL DE PROBLEMAS POLICIÁRIOS (Problema nº 3) «NAS TRAMAS DE AFRODITE» 1 – Tu sabes o que esse… esse… O Drull sorriu-lhe: – Minha mais querida, fosses branca e estarias
vermelha de fúria. Que te fez o humano? A crista de Vézi estava
cada vez mais eriçada, à medida que a sua excitação aumentava. Estava farta.
Farta de ser inferiorizada, farta de ser desprezada, farta de ser ignorada. E
especialmente farta da pretensa superioridade do humano. Mas porque tinham eles aquelas estupidices, aqueles disparates inconcebíveis metidos nos
seus crânios cabeludos?… Felizmente, nem todos eram como o director do museu. Pelos sóis de Fragus,
ele ia aprender a lição! E seria ela a dar-lha. 2 O Ihart estava a funcionar
o melhor possível, guiado pela mão de mestre de um artista completo. Ston era sem dúvida um génio. Vézi
admirou a perícia com que ele dominava o finíssimo raio de luz, expulso do paralelipípedo na sua mão, derretendo o metal e formando
a escultura. Tinha de o conseguir imediatamente – aquele bloco de ouro era
demasiado caro para ser reposto. Passou-se muito tempo. – Está pronto, minha mais brilhante aluna. As
mesmas medidas, as mesmas posições. É um trabalho perfeito. – Sem dúvida que está, mestre – concordou ela. –
Podes ficar com o ouro que sobrou, não vou precisar dele. Ainda que seja
muito. E apreciando o que pegava entre as mãos: – Nunca seria capaz de uma obra deste quilate.
Muito e muito obrigada, mestre! – disse e
contactou-o. Durante algum tempo, atingiram a totalidade. 3 «Museu de Artes Humanas e Afrodisíacas,
Ciência, Técnica e Amor». Avaliou ironicamente o edifício e a tabuleta, num
olhar de desafio. Passeou pelo museu e foi ter com o director. – …nos próximos
cinquenta dias. Como sabe, «Perdido»
é um grupo escultórico composto por duas peças distintas, em ouro,
representando um homem em situação desesperada em cima de um planalto
desértico. – Sim, eu sei. O que mais me admira no trabalho é
precisamente a ideia de WittWeel, o contraste entre
o admirável trabalho artístico que é a estatueta do homem e a simplicidade e
elementaridade do ambiente em que o colocou. – Esse presunçoso só queria que…
Não interessa, ele teve uma boa ideia. De resto, não quero discutir contigo.
Aceitas? – A estatueta não vai desaparecer de lá, nem
daqui a um ano. A não ser que já a tenhas roubado. Portanto, em combate! Tu
tentas roubar, eu não o permito. Se daqui por cinquenta dias a estatueta
ainda estiver lá, terás de reconhecer a tua inferioridade, a da tua espécie
em relação à minha. Este testezinho idiota só te
convencerá a ti, mas agrada-me. É a primeira vez que entro numa batalha ganha
à partida. 4 O trabalho de WittWeel
passou a ser guardado numa jaula de Ihart. Uma
cortina de raios saía do tecto e rodeava
completamente o conjunto escultório, agora na sala principal do museu. O
espaço entre os raios era suficientemente pequeno para que a minúscula
escultura dourada não pudesse passar por eles sem um alarido capaz de acordar
um morto, pelo menos. Não foram precisas mais medidas de segurança,
pois era impossível desligar os raios. Quando entrou sorrateiramente no
museu, naquela noite, Vézi sabia-o perfeitamente.
Tão perfeitamente como vinte dias antes sabia que seria assim que a obra
ficaria reclusa. Tinha apostado bem. Saiu para a luz das estrelas. O céu de Afrodite
estava belo, calmo e sossegado, satisfeito com ela. Tinha a sorte de viver
num belo planeta. 5 No interior do museu, o planalto dourado estava
completamente deserto. Vézi
entregou no dia seguinte a obra-prima de WittWeel
ao director. Nunca lhe disse como a tinha roubado. Quem diz como foi?
Respostas para: LUÍS MANUEL PESSOA R. Conde Rio Maior, 18-5º, Dtº Algés 1495 LISBOA Até ao dia 15 de Maio. E pronto, recebam um forte abraço do L. P. Fonte:
XYZ-MAGAZINE, nº 10 (pág. 17-18), Março de 1981 |
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© DANIEL FALCÃO |
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