PÚBLICO – POLICIÁRIO

 

Publicação: “Público”

Coordenação: Luís Pessoa

 

Data: 26 de Agosto de 2001

 

Campeonato Nacional

Taça de Portugal

2001-2002

 

Regulamentos

 

Prova nº 1

Prova nº 2

Prova nº 3

Prova nº 4

Prova nº 5

Prova nº 6

Prova nº 7

Prova nº 8

Prova nº 9

Prova nº 10

Prova nº 11

Prova nº 12

 

Resultados

 

 

CAMPEONATO NACIONAL 2001/2002

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 1

 

O INSP. FIDALGO E O BOM MALANDRO

Autor: Inspector Fidalgo

Solução comentada por Luís Pessoa 

 

Como quase sempre acontece na primeira prova de cada torneio, esta era apenas mais um teste ao poder de observação e de análise dos “detectives”.

Naturalmente que houve soluções para todos os gostos, com uma ampla maioria dos concorrentes a chegarem, com maior ou menos dificuldade a uma resposta aceitável.

O maior problema que encontramos no desenvolvimento do raciocínio dos nossos “detectives” é que há uma grande falta de “profissionalismo” dos investigadores no momento de analisar os casos. Já por diversas vezes referimos que um investigador tem de agir como se estivesse no terreno, perante os dados que o autor do problema coloca.

Num caso como este, um “detective” não poderia fazer um relatório do género: “Tenho um Opel e ele faz isto, faz aquilo…” O que o investigador tem de fazer é analisar pela positiva, todos os modelos, todas as particularidades, tudo o que pode fazer a diferença e justificar a solução. Quer-se com isto dizer que um “detective” teria de “ir para o terreno”, vasculhar, procurar tudo, sobre todos os modelos da marca referida. Depois, faria o seu relatório com base nas conclusões a que fosse chegando.

No caso vertente, os dados são simples: um automóvel Opel, uma perseguição, um uso dos piscas, uma curva que não se desfaz…

Perante estes dados, não é lícito que se avancem explicações do tipo “deixou as luzes acesas… esqueceu-se de as apagar quando estacionou…” Porque em nenhum local do texto se refere que a condução é feita com as luzes acesas, ou que é noite. Da mesma forma não é de aceitar que só aquele carro é que estava estacionado de frente para a parede e todos os outros estavam ao contrário e, portanto, o Inspector Fidalgo foi logo ter com ele. Não há essa informação em lado nenhum. E muito menos que o Inspector foi apalpar os tubos de escape (!) até descobrir um quente. É que nesse caso era preferível olhar para dentro dos carros, não precisava de se sujar ou queimar!

É evidente que não sabemos o modelo da viatura, mas sabemos os dados que nos são fornecidos e a que já nos referimos: um Opel, uma perseguição, um condutor que sempre faz os piscas, uma curva directa ao estacionamento. Nada mais, nada menos.

Uma busca nos diversos modelos permitia eliminar algumas das características. Todos os modelos são da Opel, portanto, não é aí que está o segredo: todos os modelos podem perseguir e ser perseguidos, logo, não serve; todos os modelos têm piscas, portanto, nada de interesse; resta-nos o modo de estacionar.

E aí é que temos o busílis da questão. O Papuça fez o pisca, dobrou a esquina, mas não endireitou a direcção, continuou a rodar; entrando no estacionamento, desligou o motor; teve o cuidado de tirar o pé do travão para não assinalar a sua presença com as luzes de “stop”, mas não se lembrou que os carros alemães têm uma particularidade: quando o pisca fica aceso, ao desligar-se o motor, acende-se a luz de mínimos – presença – do lado para onde está ligado o pisca, quer à frente, quer atrás!

Aliás, esta característica é comum aos Audi, BMW, etc.

E foi assim que o Inspector Fidalgo ao dar a curva reparou num automóvel igual ao que perseguia, estacionado com a luz traseira direita acesa!

A suspeita confirmou-se.

 

 

© DANIEL FALCÃO