PÚBLICO – POLICIÁRIO Publicação: “Público” Coordenação: Luís Pessoa Data: 26 de Agosto de 2001 |
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Campeonato Nacional Taça de Portugal 2001-2002 |
CAMPEONATO NACIONAL 2001/2002 SOLUÇÃO DA
PROVA Nº 2 UM DRAMA MEDIEVAL Autor:
Rip Kirby Na realidade, o rei podia ter feito justiça pois dispunha de todos os elementos necessários para resolver o caso. Os senhores D. Antão de Albernaz e Guterres Alcoforado puderam fornecer provas de que não haviam sido eles os autores do assassínio, provas essas que o próprio rei corroborou. Portanto, a sua atenção teria de ser dirigida para outro lado. De acordo com o que foi relatado por Martim Vaz, haviam sido atacados por sete ou oito cavaleiros e D. Afonso ordenara-lhe, enquanto se defendia, que fosse em busca de ajuda. Contudo, chegados ao local não encontraram sinais das montadas desses cavaleiros. As únicas marcas de cavalo junto do corpo de D. Afonso Árias são as do seu próprio cavalo e do de Martim Vaz. Por outro lado, a espada de D. Afonso encontra-se embainhada, pelo que não houve luta. Perante estes factos, que são irrefutáveis, a única conclusão a retirar é a de que Martim Vaz mentiu e a única razão para tal é a de que foi ele próprio quem matou o seu companheiro. Vejamos como ele terá actuado: Certamente que Martim Vaz já trazia em mente matar aquele que o tinha por amigo, mas que ele considerava rival, pelo que esperava um momento propício, que surgiu naquela noite, que estava escura. Distraído, D. Afonso cavalgava embrenhado nos seus pensamentos, talvez até com a sua amada no espírito. Vendo-o assim, tão abstraído de tudo, Martim Vaz aproveitou a ocasião, saltou para a garupa do cavalo do companheiro e desferiu o golpe mortal. A corroborar este facto, estão as marcas mais profundas deixadas naquele local pelas patas do cavalo da vítima. Afonso Árias, surpreendido por aquele ataque pelas costas, nem teria esboçado um gesto de defesa, apenas o cavalo, ao sentir o peso brusco do assassino, se teria assustado e caracoleara. Após ter consumado o seu acto criminoso, Martim Vaz rebolou-se na lama, deixou a sua própria espada meio enterrada nesta e, montando a cavalo, partiu a toda a brida, parecendo ter lutado e que o cavalo estava cansado da luta e da viagem em busca de auxílio. Como vimos o ataque foi desferido da esquerda para a direita o que nos revela que o assassino era canhoto e Martim era-o, porque usava a espada do lado direito. No punho do punhal estavam gravadas as armas de D. Antão de Albernaz o que poderia levar-nos a pensar que o assassínio havia sido praticado ou encomendado por este, porém, não nos podemos esquecer que Martim Vaz também já pertencera à casa do pai de D. Adonsina, pelo que não é de estranhar que ainda possuísse uma arma como aquela. E para que os leitores não fiquem consternados, o fim da história passa pela morte de Martim Vaz, algum tempo passado, quando apareceu o seu corpo perto dos aposentos de D. Adonsina. A morte ocorrera de forma muito semelhante à de Afonso Árias e com uma arma igual. Junto do corpo foi encontrado um lenço de fino tecido, tendo bordadas, num dos cantos, artisticamente entrelaçadas, duas letras “A”. O tal pequeno erro introduzido propositadamente é que na
época em que se passa esta cena ainda não havia duques |
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© DANIEL FALCÃO |