PÚBLICO – POLICIÁRIO

 

Publicação: “Público”

Coordenação: Luís Pessoa

 

Data: 26 de Fevereiro de 2006

 

Torneio Rápidas para Experimentar

2005-2006

 

Regulamentos

 

Prova nº 1

Prova nº 2

Prova nº 3

Prova nº 4

Prova nº 5

Prova nº 6

 

Resultados

 

 

TORNEIO RÁPIDAS PARA EXPERIMENTAR

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 4

 

MORTE NUMA RUA DE LISBOA ANTIGA

Autor: Inspector Boavida

 

A hipótese certa é a B.

Não houve suicídio (a vitima apresenta-se de “mãos nuas” e a arma não tem impressões digitais). A bala não foi disparada do carro por Carlos ou por qualquer outra pessoa (pólvora e queimadura na zona atingida revelam “tiro à queima-roupa”). Foi Bernardo quem matou o velho (enquanto esteve só, limpou a arma; depois, com a chegada de Carlos, simulou vómitos e aproveitou o chafariz para lavar as mãos, apresentando-as, então, sem vestígios de pólvora).

1. Arménio não se suicidou. A arma não tem impressões digitais e o morto apresenta-se de “mãos nuas”. Por outro lado, em caso de suicídio, com um tiro no peito, o mais natural seria o corpo ter caído para trás, e não para a frente, devido ao impacte da bala. Está, portanto, abandonada a hipótese A como solução do enigma.

2. A bala que atingiu mortalmente Arménio não pode ter sido disparada de dentro do carro. A zona atingida apresenta queimaduras e resíduos de pólvora, o que revela que o tiro foi desferido com a arma encostada ao corpo da vítima. Por outro lado, o facto da bala estar alojada junto ao passeio do lado direito da rua, no seu sentido ascendente, elimina a possibilidade do tiro ter sido efectuado da direita para a esquerda, para além de ser pouco verosímil que o atirador se desse ao trabalho de arremessar a arma para junto do corpo. Está, por isso, posta de parte a hipótese D como solução do problema.

3. Carlos não tem nada a ver com o assassinato de Arménio. Quando chegou ao local já lá estava Bernardo e o crime já tinha sido cometido. Entretanto, e como vimos no ponto anterior, o tiro não pode ter sido desferido do carro (isto, admitindo que Carlos fosse um dos seus ocupantes…). Acrescente-se ainda que Carlos nunca saiu de perto do cadáver, ao contrário de Bernardo. Está, deste modo, também eliminada a hipótese C como solução do crime.

4. Por exclusão de partes, resta-nos a hipótese B como solução do caso em apreço: foi Bernardo quem matou Arménio! Bernardo pode ter visto um carro passar a grande velocidade, mas não foi do automóvel que se deu o disparo, conforme se justifica nos pontos anteriores. Ele apenas tentou utilizar esse facto (carro em alta velocidade…) para despistar o investigador. Por razões desconhecidas (talvez a soldo de um perigoso e louco especulador imobiliário…), Bernardo decidiu eliminar um dos poucos residentes do bairro – homem só, sem família que pudesse “reclamar” a habitação. Ao cruzar com Arménio, agarrou-o, encostou-lhe a arma ao peito e desferiu o tiro mortal. Deixou cair o corpo do morto para a frente, limpou as impressões digitais da arma e largou-a junto do cadáver, pensando que, assim, podia simular um suicídio. Tudo terminaria aqui, se Bernardo não fosse surpreendido pela chegada de Carlos. Resolveu, então, “engendrar” um ataque de pânico e… de vómitos. A encenação dos vómitos permitiu-lhe justificar a ida até ao chafariz para… lavar as mãos, que, caso contrário, apresentariam sinais de pólvora da bala que disparou.

 

 

© DANIEL FALCÃO