PÚBLICO – POLICIÁRIO Publicação: “Público” Coordenação: Luís Pessoa Data: 11 de Dezembro de 2005 |
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Torneio Rápidas para Experimentar 2005-2006 |
TORNEIO RÁPIDAS PARA EXPERIMENTAR PROVA Nº 1 O CASO DO DVD DESAPARECIDO Autor: Inspector Fidalgo
As coisas estavam a azedar um pouco na casa do arquitecto Chaves. Ele tinha a certeza que deixara três DVD em cima da mesa da sala de estar, com filmes muito recentes, que prometera emprestar a um amigo, mas a verdade é que agora só dava com dois. O terceiro evaporara-se! A sala era grande, virada a poente e ao mar, com amplas vidraças que deixavam entrar toda a luminosidade e os raios de sol, quando este brilhava, como era o caso. O projecto era dele mesmo e por isso privilegiara aquilo de que mais gostava: luz e sol. Mas, voltando aos DVD, Chaves tinha a certeza que os deixara lá na véspera à hora do almoço e que foi um dos seus quatro filhos quem “desviou” o faltoso, certamente para ver o filme à sua vontade. Com a calma possível, Chaves foi anotando o que cada um disse, quando os ouviu em separado: Afonso: Eu cá não vi nada. Só agora é que soube que tu tinhas deixado os DVD. Os exames estão à porta e só tenho tido tempo para estudar, não para ver filmes… Ontem tive aulas até às seis da tarde e dez minutos depois estava em casa, para estudar. Logo que cheguei passei por aqui, pela sala, mas como estava escuro, nem reparei nos DVD. Cláudia: Ó pai, então era capaz de levar um DVD de um filme,
sem dizer nada?! Ontem não tive aulas de tarde e estive no meu quarto, lá Mónica: Vi os filmes aqui em cima da mesa, eram para aí umas nove, nove e meia da noite e até estive a ver que filmes eram… Por acaso o que te falta era o mais interessante e que eu gostava de ver porque é uma grande história e um grande filme, segundo dizem, mas nunca o ia tirar assim, sem te dizer nada. Até pensei pedir-te autorização para o ver, mas como não estavas em casa… Filipe: Pai, eu já vi esse filme e nem é assim tão bom como dizem. Vi-o no cinema e por isso não ia agora tirar-te o DVD. Além disso, ontem fui a casa de um colega e só vim à hora do jantar, eram para aí umas 8 horas da tarde. Estive aqui na sala a apreciar os reflexos do sol no mar e fui para a sala de jantar quando tu me chamaste. O arquitecto Chaves comparou os depoimentos e ficou com a certeza de que a responsabilidade pelo desaparecimento era de um dos quatro. Tinha agora de pensar num castigo “exemplar”. O filme nem era o mais importante, mas as mentiras… Talvez uns tempos sem televisão ou, pior ainda, uma semana sem telemóvel ou sem internet… Assim, quem ficou de castigo?
1 – Afonso; 2 – Cláudia; 3 – Mónica; 4 – Filipe. |
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© DANIEL FALCÃO |