Publicação: “Público”

Data: 20 de Abril de 2003

 

 

Campeonato Nacional 2002-03

Taça de Portugal 2002-03

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2002-03

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 6

 

A MORTE DE SOFIA

Autor: Severina

 

Quem matou António Manuel e Sofia foi Júlia Mesquita.

A morte de Sofia foi consequência do assassinato de António Manuel.

Com a morte de José Mesquita, António Manuel pretendia tomar o seu lugar de chefia, manipular livremente os bens em seu benefício, pois, estragado por muitos mimos da mãe, degenerara em mau carácter. D. Marcelina apoiava-o inteiramente.

Júlia não tinha confiança na administração do meio-irmão, que a mãe, sempre parcial não deixaria de impor. Como filha mais velha de José Mesquita, não lhe agradava perder o estilo de vida de que sempre usufruíra. E num impulso, vendo a oportunidade, matou António Manuel com a arma dele.

Errou! Não se certificou da ausência das crianças, nem previu a morte da mãe.

Sofia, enquanto criança, não deixou de notar o pormenor da arma, a que não deu verdadeira importância. Com o tempo, não voltou a falar do caso, que pareceu esquecido. Com a visita de Afonso, era impossível que o caso não voltasse a ser lembrado. E foi. O velho pormenor reapareceu, com a agravante de se poder concluir que alguém matara António Manuel, causando a morte da mãe dos três irmãos. E Júlia voltou a matar para calar de vez a única testemunha da sua ignomínia.

Errou! Apesar de conseguir atrair Sofia ao lagar e de a agredir, agravou a aparência de crime ao desarmar o escadote e arrumá-lo; ao alisar o chão de terra batida, que ficou sem pegadas de Sofia; ao retirar as lâmpadas para que o corpo não fosse descoberto cedo de mais…

E em ambos os crimes procurou que parecessem suicídio…

Mas não é suicida quem não tem em seu poder a arma antes de o tiro disparar sobre si… E não é suicida quem sofre enforcamento depois de ser agredido e estar inconsciente…

É preciso não esquecer, também, que Sofia foi enforcada e não ofereceu resistência ao enforcamento!

© DANIEL FALCÃO