PÚBLICO – POLICIÁRIO

 

Publicação: “Público”

Coordenação: Luís Pessoa

 

Data: 21 de Janeiro de 2007

 

Campeonato Nacional

Taça de Portugal

2006-2007

 

Regulamentos

 

Prova nº 1

Prova nº 2

Prova nº 3

Prova nº 4

Prova nº 5

Prova nº 6

Prova nº 7

Prova nº 8

 

Resultados

 

 

CAMPEONATO NACIONAL 2006/2007

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 1

 

ACONTECEU HÁ 50 ANOS

Autor: Rip Kirby

 

A possibilidade de suicídio tem que ser afastada pois a arma, embora pertencesse a Carlos Gustavo, foi encontrada sobre uma mesa a alguns metros de distância de onde o corpo se encontrava

O dia 9 de Junho de 1955 foi feriado em Portugal assim como em quase todo o mundo cristão. Nessa data comemorou-se o “Dia do Corpo de Deus”, uma coincidência que, de então para cá, só voltou a acontecer uma outra vez.

Ora, se foi feriado, os bancos estiveram fechados; logo, o Ricardo Gonçalves mentiu quando afirmou ter visto o velho Gustavo entrar no banco.

O motivo por que ninguém se tivesse apercebido da mentira talvez se possa explicar pela incompetência de uns a investigar, pela pressa de outros em condenar e pelo desinteresse de quem competia defender o jovem sobrinho do ex-emigrante, além de que os interrogatórios só foram efectuados alguns dias depois, quando foram apontados os suspeitos

A veracidade da razão porque fora a casa da vítima àquela hora não é de colocar em causa. Carlos Gustavo vivera muitos anos no estrangeiro, sendo natural que tivesse dificuldades com o português. Poder-se-á perguntar porque não pediu ele ao sobrinho para lhe prestar esse serviço, mas a isso só ele poderia responder se ainda estivesse vivo.

 A hora a que Carlos Gustavo provavelmente fora ferido, entre duas a três horas antes da morte ter sobrevindo, às 17 horas, abrange o período em que ele afirma ter estado em casa do velho.

Ricardo Gonçalves volta a mentir quando afirma que Carlos Gustavo o convidara para lá ir mais tarde para comer um arroz de conquilhas. Se esse convite tivesse sido feito teria que haver conquilhas lá em casa – o que não acontecia, pois na busca que foi passada elas não foram encontradas em lado algum.

Naquele tempo ainda não havia as grandes superfícies comerciais onde se compra quase tudo a qualquer hora e em qualquer dia e como era feriado não havia onde ir comprar as referidas conquilhas. De acrescentar ainda que as conquilhas, antes de serem cozinhadas, é conveniente tê-las dentro de água durante algum tempo com um pouco de sal para que elas expulsem a areia, pelo que têm que ser sempre compradas algumas horas antes de serem utilizadas.

As cinco notas de mil escudos encontradas junto com os objectos do sobrinho de Carlos Gustavo teriam lá sido colocadas pelo assassino para o inculpar. Naquele tempo não era fácil encontrar quem tivesse condições económicas para ter aquela quantia em casa.

 

 

© DANIEL FALCÃO