PÚBLICO – POLICIÁRIO

 

Publicação: “Público”

Coordenação: Luís Pessoa

 

Data: 4 de Fevereiro de 2007

 

Campeonato Nacional

Taça de Portugal

2006-2007

 

Regulamentos

 

Prova nº 1

Prova nº 2

Prova nº 3

Prova nº 4

Prova nº 5

Prova nº 6

Prova nº 7

Prova nº 8

 

Resultados

 

 

CAMPEONATO NACIONAL 2006/2007

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 2

 

SMALUCO NO CASINO

Autor: Inspector Boavida

 

Antes da Revolução dos Cravos, a Sala de Jogos Tradicionais do Casino Estoril era apenas frequentada por uma elite constituída por gente do grande capital e da alta burguesia, a que se juntavam políticos do antigo regime, pequenos industriais e comerciantes bem sucedidos, artistas e profissionais liberais que gozavam de alguma notoriedade pública.

Entre as muitas portas que Abril abriu, também aquela sala se franqueou a outras gentes, alterando-se radicalmente o perfil dos seus frequentadores e assistindo-se a uma espécie de democratização do Casino. Só isso explica as ingénuas e falaciosas argumentações esgrimidas por dois dos jogadores para reclamarem como seu o prémio em disputa na roleta número 13.

De facto, se o “sujeito do laço” fosse experiente naquelas andanças não teria dito que tinha deixado uma ficha no 13 só porque um outro jogador tocou com a manga do casaco numa das suas fichas, “ao de leve”, e esta foi parar ao número que fica mesmo ao lado do seu, o 12. Porque, neste caso, estamos perante uma impossibilidade física: na banca das apostas, o número 13 fica exactamente do lado oposto ao 12.

Por sua vez, o “homem dos óculos fumados”, se não fosse também ele virgem no jogo da roleta, não teria justificado ter a certeza absoluta de que havia apostado no 13 com o facto de ter colocado uma ficha em todos os números de cor vermelha, como aquele. Por uma única e muito simples razão: o 13 faz parte do conjunto de números que tem cor preta!

Acresce ainda que este último acabaria por usar uma outra mentira, também relacionada com “apostas impossíveis”, ao dizer que tinha amealhado um bom pecúlio nos dias anteriores, na Bolsa de Valores de Lisboa, em cinco jogadas de mestre. Também por uma única razão: por determinação da Junta de Salvação Nacional, as Bolsas de Valores não funcionavam desde o dia 29 de Abril de 1974!

Resumindo: pelas razões acima aduzidas, o “homem dos óculos fumados” e o “sujeito do laço” foram desmascarados pelo fiscal de Sala do Casino e trataram de dar “às de Vila Diogo” antes que a coisa ficasse ainda mais feia para o lado deles. Enquanto isso, o “detective” Smaluco arrecadou a “massa” que legitimamente havia ganho e partiu com a sua Natália pela madrugada dentro à descoberta do amor…

 

 

© DANIEL FALCÃO