PÚBLICO – POLICIÁRIO Publicação: “Público” Coordenação: Luís Pessoa Data: 1 de Abril de 2007 |
|
|
Campeonato Nacional Taça de Portugal 2006-2007 |
CAMPEONATO NACIONAL 2006/2007 SOLUÇÃO DA
PROVA Nº 4 UM CADÁVER NA PISCINA Autor:
Mr. Ignotus
Ambrósio declarou que nada alterara no cenário do crime: ora a borda da piscina estava impecavelmente limpa e o carrinho com as ferramentas não estava à vista. Logo, estava a mentir, pois apagara os vestígios existentes no mármore (nem apresentava marcas da retirada do corpo) e as ferramentas estavam arrumadas. Também descurou outros pormenores: o fato-macaco estava completamente molhado; deixou a faca sob o corpo da vítima; é insustentável a narrativa do que fez em 12 minutos. Ora quem mente… Tal como Dolores, também afirmou não conhecer a vítima, quando sabiam ambos que se tratava de Honório. Tudo se começou a esclarecer quando o Inspector obteve a confirmação de que sábado chegara na TAP, procedente do Brasil, um passageiro chamado Honório, cuja descrição física correspondia à do morto. Na loja do centro comercial onde fora vendida a faca também se lembravam que o cliente era brasileiro. Estranho era também que Dolores tivesse ido dormir a casa quando os patrões estavam no estrangeiro e ela podia ficar com o seu Ambrósio… O casal deve ter sido alertado de madrugada por
qualquer ruído estranho. Ambrósio enfiou a primeira peça de roupa que tinha à
mão (o fato-macaco) e foi ver o que se passava. Inquiriu o vulto que divisou,
que lhe deve ter dito que queria falar com a Dolores. Suspeitando logo de
quem era e ao que Honório vinha, serviu-se do conhecimento que tinha do
terreno para o atacar de forma segura, empurrando-o para a piscina. A vítima,
ao cair de costas, bateu com a nuca no rebordo e ou desmaiou ou ofereceu
pouca resistência ao jardineiro, que também mergulhou para o afogar. Acto
consumado, tirou-o da água e, como nem deve ter visto a faca, também não
reparou que lhe estava a pôr o cadáver Confrontados com estas evidências, ambos acabaram por reconhecer o crime, que, como é fácil conjecturar, tinha outras vítimas previstas, pois o Honório não viera a Portugal (como o comprova a escolha da faca e ir pela calada da noite em demanda da Dolores) só para cumprimentar a mulher que o abandonara e traíra, como certamente soubera, bem como da sua morada, através da correspondência que a brasileira trocava com a mãe. |
|
© DANIEL FALCÃO |