Publicação: “Público”

Data: 17 de Abril de 2011

 

 

Campeonato Nacional 2011

Taça de Portugal 2011

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2011

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 2 (PARTE II)

 

QUE ESTRANHA PESCARIA!...

Autor: Inspector Boavida

 

Resposta certa: alínea C.

É verdade que o pai de Angélica chegou a casa gritando, no dia em que Jorge fora visto pela última vez: “Acabou-se! Acabou-se!”

Mas isso poderá apenas indiciar que ele soubera o que se passara nessa tarde na margem do rio e decidira acabar de vez com aquele namoro da filha.

Não podemos concluir que ele matara Jorge! Da mesma forma que não podemos concluir que o facto de o pai de Angélica, Jonas e Zezinho não se condoerem com a morte de Jorge significa que eles tiveram algo a ver com a sua morte. Apenas detestavam o rapaz e… pronto!

Já quanto ao Beto, este teria que dar muitas e grandes explicações à polícia.

É certo que Beto podia muito bem ter descoberto o corpo e içá-lo do fundo do rio com os seus próprios braços, como diz.

Beto é robusto e o rio é pouco fundo e o seu leito estável. Mas ele tinha que explicar como é que era possível haver sangue na cabeça de um cadáver que esteve submerso nas águas do rio durante quatro ou cinco dias, como sustentavam os homens do INEM.

Se isso fosse verdade, não podia haver sangue na cabeça do morto (a água tê-lo-ia feito desaparecer durante esse período de imersão).

Note-se que, mesmo que os homens do INEM estivessem enganados quanto ao número de dias em que o corpo de Jorge esteve submerso (ou Beto não estivesse a relatar com verdade o que eles haviam alegadamente dito sobre o assunto), o certo é que o cadáver esteve pelo menos quatro horas no fundo do rio (Beto disse que esteve durante quatro horas na pesca e que pescou o morto quando se preparava para dar por finda a sua pescaria!) e bastaria esse período de tempo para que fosse completamente impossível a presença de sangue na cabeça do cadáver.

Note-se ainda que o cadáver não podia ter sido lançado ao rio por alguém que não o Beto durante o tempo em que este estivera a pescar, sem que essa ocorrência escapasse ao seu olhar.

Por outro lado, o corpo do Jorge não podia ter sido depositado nas águas noutro local do rio, sendo depois arrastado pela corrente até ao lugar onde estava o Beto, uma vez que o cadáver estava amarrado a uma corda com uma pedra presa numa das pontas que o puxava para o fundo e as águas do leito eram… “sempre mansas”.

Por último, e sabendo nós que Beto é um rapaz “muito amigo de trabalhar”, talvez fosse conveniente que ele explicasse também porque se encontrava na pesca num dia de trabalho (quinta-feira, cinco dias depois de sábado!).

Na verdade, como se diz aliás no enunciado do problema, o Beto não é “muito brilhante de cabeça”. E foi isso que facilitou a tarefa dos leitores-detectives do PÚBLICO-Policiário: era ele a pessoa que tinha que dar grandes explicações à polícia.

© DANIEL FALCÃO