Publicação: “Público” Data: 8 de Maio de 2011 Campeonato Nacional 2011 Taça de Portugal 2011 Provas
|
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2011 PROVA Nº 5 (PARTE II) QUEM TIROU O DINHEIRO? Autor: Zé (No 86º aniversário de
M. Constantino e em sua homenagem) Corria muito bem a vida na Empresa Lopes e Costa. Apesar da
crise, a belíssima carteira de clientes da firma de representações e vendas a
retalho dava para ir escapando às aflições globais. José Lopes era o homem do capital (muito, por sinal) e
Joaquim Costa o gerente. Tinha, apenas, dois funcionários – João Marcelino e
Jorge Soares. O primeiro abria a loja às 8 e trabalhava até às 14; o segundo
entrava às 14 e fechava o estabelecimento às 20. Lopes pouco por lá aparecia
– só em ocasiões cruciais. Costa, esse, entrava e saía quando necessário… Marcelino era um homem com permanentes dificuldades –
financeiras, conjugais; enfim, de toda a espécie, que os patrões iam ajudando
a superar. Soares sempre pareceu a toda a gente um tipo certinho. Naquela terça-feira, Costa preparava-se para uma viagem de
três dias a Espanha, em trabalho, no dia seguinte. Esteve todo o dia na firma
(sempre só, no escritório) e ausentou-se, apenas, por breves minutos, para ir
buscar algo para o almoço (cerca das 13 horas), que comeu na loja. Mal chegou
ao trabalho, Soares reparou que não tinha a chave com a qual deveria fechar o
estabelecimento. E ele que tinha a certeza de que a metera no bolso do
blusão, após almoçar! Avisou o patrão Costa, que ficou preocupado, pois
havia, apenas, quatro chaves e nenhuma poderia ser substituída ou duplicada,
mesmo na empresa fabricante, no estrangeiro. Jorge, por descargo de
consciência, ligou para casa e disseram-lhe que a chave estava lá, no local
onde sempre a guardava. Pediu ao patrão para ir buscá-la, para poder fechar a
loja, mas ele deu-lhe a sua, pois dela não precisaria durante o resto da
semana; do funcionário poderia precisar a qualquer momento. Antes de sair, Costa tirou do cofre 17280,00€ (quase todo em
notas muito “grandes”), que meteu num envelope e introduziu, à vista do
empregado, numa vitrina com chave, sob um livro que ali estava. Disse a
Soares que o entregasse a uma empresa fornecedora (contra recibo, claro), na
tarde do dia seguinte; ou desse conhecimento a João, se o pagamento fosse
transferido para a manhã de quinta-feira. A chave da vitrina ficou no local
do costume. Jorge fechou a loja às 20 horas. Costa tinha saído às 19h30, para matar o vício no Casino,
depois de jantar. O jogo estava-lhe no sangue (salvo seja!!!)
e, por isso, enquanto o sócio vivia dos rendimentos, ele tinha de trabalhar a
dobrar (para ele e para o jogo). Era rara a semana que não metia um vale por
conta do ordenado e da divisão anual de lucros. O vício era tal que tinha
colocado no seu carro uma nota de 100€, em local de difícil acesso até para
ele. Sempre dava para comer e para o combustível do regresso a casa. Nessa noite, perdeu tudo o que levava na carteira e
dirigiu-se à loja, tendo parado o carro na rua, cerca de cem metros acima.
Regressou à viatura cinco minutos depois. Voltou ao casino e recomeçou a
jogar. No dia seguinte, Marcelino abriu a porta, como
habitualmente, e, ao entrar, diz ter reparado logo no vidro estilhaçado de
uma vitrina, que estava fechada à chave. Afirmou que não mexeu em nada e tudo
estava como quando passara o turno ao colega da tarde, no dia anterior.
Aliás, o movimento da firma fazia-se muito mais no escritório (e nos
armazéns, noutro local) do que ao balcão. Ligou ao Soares, que lhe falou da
existência do envelope com o dinheiro, nesse local. Telefonou a Costa, que,
mesmo em viagem, confirmou a colocação do envelope com dinheiro nessa vitrina
e avisou o sócio da ocorrência. Lopes chamou a polícia e dirigiu-se à firma.
Nem envelope nem dinheiro. Ficou o livro, para recordação… A polícia recolheu impressões digitais e verificou que a
porta não apresentava qualquer sinal de ter sido forçada; a montra estava
intacta e não havia mais acessos. A investigação começou, mas nós não precisamos de mais nada… Um deles (e só um deles!) foi o responsável pelo
desaparecimento do dinheiro: A – José B – Joaquim C – João D – Jorge |
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
©
DANIEL FALCÃO |
|