Publicação: “Público” Data: 19 de Junho de 2011 Campeonato Nacional 2011 Taça de Portugal 2011 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2011 SOLUÇÃO DA PROVA Nº 5 (PARTE I) GATO FARRUSCO MORRE AO LUSCO-FUSCO Autor: Onaírda 1- É Diogo quem
assassina Samuel. 2- É Pedro quem
mata o gato farrusco. Para chegarmos a
esta verdade eliminemos aqueles que não tiveram essas possibilidades. Farias: dá a
impressão que está a mentir mas fala verdade. Garçôa
é induzido em erro pelo facto de Pedro ser natural do Montijo (sul do Rio
Tejo), cidade do distrito de Setúbal, província da Estremadura, Portugal.
Farias gosta de imitar os comportamentos do Pedro. E como tal, a quente, Garçôa julgou que Farias era natural da mesma terra. Puro
engano. Farias era natural do Montijo, situado na comunidade da Estremadura
espanhola. Saindo de lá pelas 18h30, com uma viatura potente, teve tempo
normal de fazer a viagem, ir pôr o donativo na Igreja de São Pedro (centro da
pequena ciudad) vir pela Ponte Vasco da Gama (por
ser mais directo a Lisboa e com transito mais
fluído), meter gasóleo na área de serviço, mas nunca chegar a casa antes das
22 horas. Ninguém afirma que o viu na povoação antes daquela hora e se por
acaso tivesse morto o Samuel, até mesmo o farrusco, teria de passar pelo café
do Diogo e logo o veriam. A casa de Farias estava situada a sul do café.
Quando Garçôa anota que cometeu o erro de uma letra
no relatório refere-se ao x da palavra Extremadura (palavra espanhola)
enquanto a palavra portuguesa leva um s. A diferença horária de uma hora
entre Portugal e Espanha aqui não tem relevância. Mais importante é o facto
de referir-se que Pedro foi pôr um donativo na Igreja Matriz do Montijo e
esta igreja é a do Divino Espírito Santo, onde está lá, na verdade, uma
imagem de São Pedro. A diferença é que existe mesmo a Igreja de São Pedro no
Montijo espanhol. Outra nota é que em
Portugal a Estremadura onde está integrado o Montijo é uma província e em Espanha
a Extremadura é uma comunidade autónoma. Este Montijo onde esteve o Farias, e
é de lá natural, pertence à província de Badajoz. Farias, desta
maneira, porque falou verdade e porque chegou a casa depois das 22h00 nunca
poderia ter morto o Samuel e nem o farrusco. Jacques Bonet: dá a impressão que está a mentir e assim Garçôa coloca-o na lista de suspeitos. Mas de facto Bonet fala verdade. O facto de ter a alcunha do Francês e
de sonhar desde criança fazer uma viagem a França leva Garçôa
a pensar que a actual viagem foi a Bayonne no
sudoeste de França, mas de facto a viagem de uma semana foi a Bayonne em New
Jersey, Estados Unidos. Talvez o motivo turístico da viagem não fosse
Bayonne, mas sim Nova Iorque. E assim tudo confere: saída de Bayonne pelas 10
horas da manhã (15 horas em Lisboa) e chegada depois das 23 horas a casa. E,
claro, o voo foi todo sobre o mar. Logo, Bonet não
matou Samuel nem o farrusco. Eva: o facto de ter
visto o vulto a deixar o saco com o farrusco no contentor de lixo e ter logo
ido para o café e estar sempre com a freguesia a ver o gato morto iliba-a das
mortes referidas. Nem se extrai do texto que seja cúmplice de Diogo ou tenha
animosidade contra Samuel. Apesar de divorciada controlava os movimentos de
Pedro. Logo abriu o saco e viu o farrusco morto. Diogo: Samuel morre
entre as 20h30 e as 21h30. Ele diz que não se ausentou do café, mas de facto
poderia tê-lo feito sem ninguém se aperceber. Como o café ficou vazio de
clientes uns minutos depois das 20h30 até às 21h30, com eles a deslocarem-se
para sul em direcção ao contentor de lixo, Diogo
vai para norte e entra na casa de Samuel. Acesso à casa de Samuel assegurado,
porque Eva tem a chave da casa e Diogo já teve oportunidade de fazer um
duplicado sem ela saber. Ele premedita a morte de Samuel com recurso a um
tronco das árvores de Farias para deste modo apontar para outros a autoria do
crime. Já tem o tronco em seu poder, vê o caminho livre, segue para a casa de
Samuel, entra nela, vê-o sentado à secretária e rápido desfere-lhe várias
pauladas na cabeça. Samuel tenta desviar-se das pauladas, arrasta a cadeira e
cai para o chão. Nesta queda a cadeira levanta-se pela parte de trás e quando
assenta no chão uma das pernas vai pisar uma pastilha elástica que Diogo
estava a mascar e que a cuspiu involuntariamente. Diogo depois das pauladas
desferidas retira-se. A pastilha elástica torna-se rija mas aderente à perna
da cadeira, ficando esta com um ponto de apoio falso que vai provocar
oscilações à menor corrente de ar. São estas oscilações que provocam os
batimentos no chão da sala do crime, por acção da
corrente de ar que se gerou, quando Garçôa abriu
uma das janelas. A pastilha é a prova incriminatória que Garçôa
precisa para incriminar Diogo mais tarde. Pedro: Tinha
deixado uma janela entreaberta e quando regressou a casa viu que esta estava
mais afastada. Calculou que o farrusco estava dentro de sua casa. Pensou logo
que havia estragos e preparou-se para o pior. Pegou num tronco de árvore
surripiado ao Farias. A sua intenção era só pregar um pequeno susto ao gato,
mas quando viu o cortinado arrancado da galeria e rasgado “ferveu em pouca
água” e foi dar com o gato ainda em sua casa e em posição de levar uma
paulada certeira no lombo. Foi o que aconteceu e o bichano foi desta para
melhor. Meteu-o num saco e depositou este junto ao contentor do lixo. Eva
espreitava-o. As horas de chegada coincidem com a altura em que o gato é
morto e depositado junto ao contentor: chegada a casa pelas 20h00 e chegada
ao café às 20h30. Como o gato morreu
pelas 20h00, portanto foi o único com possibilidade de dar a cacetada no
farrusco. A duração da viagem foi normal para o percurso percorrido e as duas
paragens referidas (Igreja do Divino Espírito Santo no Montijo e área de
serviço a sul da Ponte Vasco da Gama). |
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©
DANIEL FALCÃO |
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